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Kerry promete Estados Unidos forte e melhor

Por Agencia Estado
Atualização:

?Sou John Kerry e estou me apresentando para a missão.? Com essas palavras, o senador democrata iniciou nesta quarta-feira à noite um vibrante discurso no qual ressaltou que, uma vez eleito presidente americano, ?jamais dará a nenhuma nação ou organização internacional um (poder de) veto sobre a segurança nacional dos EUA?. Num pronunciamento de quase uma hora que levantou as mais de 4 mil pessoas concentradas no FleetCenter, em Boston, Kerry enviou um sinal inequívoco às organizações terroristas que conspiram contra os EUA, ao aceitar a nomeação do Partido Democrata como candidato à presidência americana. ?Vocês perderão e nós ganharemos?, afirmou. ?O futuro não pertence ao medo, pertence à liberdade?, acrescentou, fortememente ovacionado. Com tom de estadista e empenhado em convencer os americanos de que está pronto a assumir a função de comandante-chefe das Forças Armadas dos EUA no momento em que o país está em guerra, Kerry destacou: ?Defendi este país quando jovem (na Guerra do Vietnã) e o defenderei como presidente.? Respaldado por um partido mais unido que nunca pela indignação e repulsa que os democratas sentem pelo presidente George W. Bush, o senador de 60 anos, que lutou como voluntário e ganhou medalha por heroísmo no Vietnã, nos anos 60, e depois liderou o movimento de ex-combatentes contra a guerra, disse que, como presidente, ?construirá uma força militar mais forte?. Kerry deixou claro que durante os cem dias da campanha não cederá o argumento da defesa da pátria a Bush e aos republicanos. E bateu duro ao criticar a decisão do atual presidente de envolver o país numa guerra opcional sob falsos pretextos, que foi inicialmente apoiada pelos americanos, mas hoje, após a morte de mais de 900 soldados e do fiasco político, militar e diplomático em que se transformou, é desaprovada pela maioria dos americanos. ?Serei um comandante-chefe que nunca nos conduzirá erroneamente à guerra?, afirmou Kerry. ?Terei um vice-presidente que não manterá encontros secretos com poluidores para reescrever nossas leis ambientais. Terei um secretário de Defesa que ouvirá os melhores conselhos de nossos líderes militares. E nomearei um secretário de Justiça que efetivamente respeite a Constituição dos Estados Unidos da América?, acrescentou, entusiasticamente aplaudido pela platéia. ?Como presidente, farei perguntas duras e exigirei provas concretas?, prosseguiu. ?Vou reformar imediatamente o sistema de inteligência, para que a política seja guiada por fatos e os fatos nunca sejam distorcidos pela política?, acrescentou, numa alusão à fabricação de motivos que a administração republicana fez para justificar a guerra. ?Como presidente, trarei esta nação de volta à tradição que sempre honramos: os EUA nunca vão à guerra porque querem, nós vamos à guerra somente quando temos de ir.? Com o empolgante discurso, transmitido ao vivo pela TV para todos os EUA, Kerry desmentiu o mito de que seja um político frio e sem carisma e tentou estabelecer uma conexão emocional com os americanos. Num contraste claro com o último candidato democrata à Casa Branca, o ex-vice-presidente Albert Gore, Kerry abraçou plenamente o legado de sucessos da política econômica dos oito anos da administração do presidente Bill Clinton. ?Americanos, essa é a mais importante eleição de nossas vidas?, ressaltou. ?Há muito em jogo: somos uma nação em guerra ? uma guerra ao terror contra um inimigo diferente de todos os que tivemos antes; e aqui em casa, os salários estão caindo, os custos com saúde estão aumentando, e nossa grande classe média está encolhendo. As pessoas estão trabalhando em dois, três empregos e ainda assim não estão conseguindo avançar.? Num estilo reminiscente de John F. Kennedy, um outro senador católico de Massachusetts que chegou à presidência (em 1960), Kerry disse: ?Nós podemos fazer e faremos melhor: somos otimistas; para nós este é um país do futuro; somos um povo de realizadores, e não vamos nos esquecer do que fizemos nos anos 90: equilibramos o orçamento, começamos a amortizar a dívida pública; criamos 23 milhões de novos empregos, tiramos milhões da pobreza e levantamos o padrão de vida da classe média.? Dirigindo-se diretamente aos americanos, ele também deu uma resposta ao clima de medo que Bush e os republicanos têm procurado estimular no país, usando a ameaça do terrorismo. ?Nós precisamos acreditar em nós mesmos e faremos isso novamente?, afirmou. Perante uma audiência de televisão estimada em mais de 60% dos eleitores que irão às urnas no dia 2 de novembro, Kerry invocou a história de Boston, onde uma revolta fiscal deu início à rebelião e depois à guerra que levou as 13 colônias da Nova Inglaterra a se declararem independentes do jugo britânico. ?Esta noite, na cidade onde a liberdade da América começou, a apenas algumas quadras de onde os filhos e as filhas da liberdade deram vida a nossa nação ? aqui, em nome de um novo nascimento da liberdade, em nome da classe média que merece um protetor, e daqueles que lutam para juntar-se a ela e que merecem uma chance, em nome dos bravos homens e mulheres em uniforme que arriscam suas vidas todos os dias e das famílias que oram por seu retorno, e por todos aqueles que acreditam que os nossos melhores dias ainda estão à nossa frente, por todos vocês e com grande fé no povo americano, eu aceito sua indicação para presidente dos Estados Unidos.?

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