Kim Jong-il amplia poder de barganha

Para analistas, teste de suposto míssil fortalece líder norte-coreano

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Por AP E REUTERS
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O líder norte-coreano, Kim Jong-il, melhorou sua posição para negociar com as potências globais, assim como sua força política interna, após o lançamento, no domingo, de um suposto míssil de longo alcance, avaliaram ontem especialistas. Ao provar que tem tecnologia para construir um míssil capaz de atingir os Estados americanos do Alasca e do Havaí, a Coreia do Norte aumentou seu poder de barganha nas negociações do grupo dos seis, formado também por EUA, Rússia, China, Japão e Coreia do Sul. As conversas estão paralisadas desde dezembro. Os cinco membros com poder de veto do Conselho de Segurança da ONU - EUA, China, Rússia, França e Grã-Bretanha - mais o Japão voltaram a se reunir ontem. Sem um consenso sobre que medidas tomar contra Pyongyang, o grupo decidiu encontrar-se novamente hoje. Rússia e China rejeitam uma medida contundente e apelaram por moderação na hora de adotar uma resposta na ONU contra o regime norte-coreano. Pequim e Moscou devem aceitar uma reprovação formal e um pedido a Pyongyang para que volte às negociações com o grupo dos seis. No domingo, a reunião de emergência com os 15 membros do CS da ONU terminou sem resoluções. O grupo não conseguiu sequer aprovar a tradicional declaração preliminar de condenação. Independentemente de resoluções da ONU, o governo japonês planeja estender por mais um ano as sanções econômicas contra Pyongyang. "A comunidade internacional deve enviar uma mensagem forte, em uma ação concentrada", afirmou ontem o premiê japonês, Taro Aso. Analistas alertam que as resoluções de 2006, aprovadas após um teste nuclear norte-coreano, surtiram pouco efeito. Para driblar a proibição a testes balísticos, Pyongyang alega que o foguete disparado serviu para colocar um satélite em órbita. Para a comunidade internacional, a Coreia do Norte testou o míssil Taepodong-2. SUCESSÃO "A população ficou orgulhosa pelo que acredita ter sido o lançamento de um satélite. Isso ajuda a manter o regime intacto e criar uma atmosfera melhor para Kim passar o poder a um sucessor", afirmou o professor Koh Yu-hwan, da universidade sul-coreana Dongguk. A elite norte-coreana estava agitada nos últimos meses por causa do afastamento temporário do líder, que teria sofrido um derrame em agosto, e das mudanças nos postos de comando militar e de gabinete. Mas agora Kim volta a ganhar poder antes das celebrações planejadas para 2012, para festejar o centenário de Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il. "Com o lançamento, Kim ganhou mais tempo para ponderar sobre sua sucessão enquanto permanece com controle total", afirmou o diretor do centro de estudos norte-coreano do Instituto Sejong, Paik Hak-soon. Não há indicações de qual dos três filhos Kim vai escolher para substitui-lo.

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