Kim Jong-un cede em exigências para se desarmar, diz Seul

Segundo presidente sul-coreano, retirada das forças americanas da Coreia do Sul já não é mais precondição para desnuclearização

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Por Redação
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SEUL - O líder norte-coreano, Kim Jong-un, removeu o principal obstáculo ao diálogo com os EUA e deixou de exigir a retirada das tropas americanas da Coreia do Sul como condição para desnuclearização de seu país, disse nesta quinta-feira o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

A mudança de posição, se confirmada oficialmente, pode afetar os planos dos EUA e acabar com a relutância de Washington de chegar a um acordo com a Coreia do Norte. Por décadas, os norte-coreanos, aliados apenas da China, insistiram na retirada dos 28,5 mil soldados americanos, citando sua presença como pretexto para desenvolver armas nucleares. As exigências sempre foram um empecilho para um acordo.

Kim fez um relatório sobre a situação na península coreana em uma reunião do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores na segunda-feira Foto: EFE/KCNA

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Segundo o presidente sul-coreano, o regime de Pyongyang não incluiu essa exigência na lista de coisas que quer em troca de entregar suas armas nucleares. O anúncio encoraja os EUA a levarem adiante os planos de realizar a primeira cúpula entre um presidente americano e Kim Jong-un.

Trump enviou o diretor da CIA, Mike Pompeo, à Coreia do Norte, no início do mês, para se reunir com Kim e verificar se o líder norte-coreano estava mesmo levando a sério as negociações. O presidente disse que foi “criado um bom relacionamento” com os norte-coreanos e planeja se reunir com Kim no início de junho ou até mesmo em maio, mas advertiu que poderá mudar de planos se não os considerar “frutíferos”.

No entanto, Moon assegurou que a Coreia do Norte se mostrou disposta a fazer concessões. “Os norte-coreanos não apresentaram nenhuma condição que os EUA não possam aceitar, tal como a retirada das tropas americanas da Coreia do Sul”, disse Moon, que se reunirá com Kim no dia 27. “Eles apenas falam sobre o fim das hostilidades contra seu país e sobre obter garantias de segurança”, acrescentou.

Quando os enviados especiais sul-coreanos se reuniram com Kim em Pyongyang, no mês passado, Kim disse que seu país não precisaria mais de armas nucleares se não se sentisse “ameaçado militarmente” e recebesse “garantias de segurança”.

Segundo funcionários que já lidaram com a Coreia do Norte, a retirada da exigência não é totalmente uma surpresa. Desde os anos 90, funcionários norte-coreanos disseram que seu país poderia conviver com a presença militar americana se Washington assinasse um tratado de paz e normalizasse as relações com a Coreia do Norte. O pai de Kim, Kim Jong-il, enviou aos EUA o secretário do partido, Kim Yong-soon, em 1992, para entregar essa mensagem.

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Quando o então presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, reuniu-se com Kim Jong-il em Pyongyang, em 2000, o líder norte-coreano disse que manter as tropas americanas na Coreia “para a estabilidade do Nordeste da Ásia”, mesmo após a reunificação, “não era uma má ideia”, mas desde que o status e o papel das forças dos EUA fosse alterado. / NYT

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