Kirchnerismo vence uma eleição regional nas urnas e outra na Justiça

Com isso, o candidato kirchnerista Juan Manzur, que venceu o opositor José Cano por 11 pontos porcentuais, está autorizado a tomar posse como governador

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Por Rodrigo Cavalheiro CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

A Corte Suprema da Província de Tucumán reverteu a decisão de dois juízes de primeira instância que haviam determinado a nulidade da eleição regional do dia 23. Com isso, o candidato kirchnerista Juan Manzur, que venceu o opositor José Cano por 11 pontos porcentuais, está autorizado a tomar posse como governador. A oposição pretende recorrer à Corte Suprema do país.

A eleição teve queima de urnas, troca de votos por comida e repressão a manifestantes inconformados com o resultado. Os magistrados da corte regional não negaram as irregularidades, mas disseram que não eram suficientes para levar à repetição da votação. A decisão era esperada porque a maior parte dos juízes da corte local foi nomeada pelo kirchnerismo, que governa a província, uma das mais pobres e a menor do país, há 12 anos.

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Depois da primeira decisão, líderes governistas defenderam uma intervenção federal na região. Ele foram desautorizados pelo candidato kirchnerista à presidência, Daniel Scioli, que pregou respeito à decisão da Justiça. Ele governa a Província de Buenos Aires, que tem 37% dos eleitores do país. A presidente Cristina Kirchner tinha criticado a anulação e acusado em rede nacional na semana passada os juízes responsáveis de "discriminação aos pobres". O ato anulava também a escolha de 49 legisladores e 19 prefeitos.

A vitória kirchnerista na Justiça foi acompanhada de uma nas urnas, em outra votação regional. Na última disputa antes da escolha do presidente, dia 25 de outubro, o governista Domingo Peppo superou a opositora Aída Ayala e será o governador da Província do Chaco, na fronteira com o Paraguai. Ele obteve 55% dos votos, ante 42% da rival, que reconheceu a derrota ainda no domingo, após a votação.

A oposição perdeu o poder na capital da província, Resistencia, que após 16 anos volta ao peronismo, do qual o kirchnerismo é uma vertente. O prefeito da cidade será Jorge Capitanich, ex-chefe de gabinete da presidente, que deixa o poder em 10 de dezembro. Há dois anos, Capitanich era cotado para ser o candidato à presidência. Embora a região do Chaco tenha pouca representatividade - são 860 mil dos 32 milhões de eleitores do país -, a votação foi acompanhada com expectativa em razão das irregularidades em Tucumán.

No Chaco, a oposição denunciou inscrição irregular de votantes paraguaios, mas o organismo eleitoral disse que o processo transcorreu normalment. A lei argentina permite que as províncias separem suas votações da nacional, o que normalmente é usado conforme o interesse do governante local. Os argentinos depositam na urna cédulas em papel de cada coalizão, o que torna a contagem demorada e controvertida (um eleitor pode roubar cédulas de um rival).

O favorito para chegar à presidência é o governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que na primária obrigatória de 9 de agosto obteve 39,2% dos votos. Seu principal rival é o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri, cuja coalizão alcançou 30,2%. Em terceiro, ficou o ex-kirchnerista Sergio Massa, cujo grupo obteve 20,5%. Para vencer no primeiro turno, Scioli precisa atingir 45% dos votos ou superar os 40% e abrir 10 pontos sobre o segundo colocado.

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Pesquisas apresentaram no fim de semana conclusões divergentes sobre a probabilidade de um segundo turno em novembro. Algumas indicam que Scioli abriu mais de 10 pontos sobre Macri e ultrapassa 40% das intenções de voto. Outras apontam que haverá segundo turno, por pequena margem. Todos os levantamentos indicam que não houve uma polarização entre Scioli e Macri. Os conservadores esperavam que eleitores antikirchneristas de Massa usassem a lógica do "voto útil" e passassem a apoiar Macri para evitar uma vitória governista no primeiro turno. 

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