Kirchner adverte quem quer "reconciliação com a impunidade"

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Por Agencia Estado
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O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse hoje que "alguns setores" querem a "reconciliação nacional com a impunidade", ao se referir ao caso do pedreiro desaparecido há 25 dias após testemunhar contra um repressor da ditadura. "Alguns não querem que na Argentina se castigue os verdadeiros culpados do genocídio", sustentou o governante em um ato público e antes de comentar que o Governo central e o da província de Buenos Aires fazem "os máximos esforços" para localizar a testemunha Jorge López. O presidente também fez referência às leis de Obediência Devida e Ponto Final, que livraram de responsabilidade penal a quem depôs na chamada "guerra suja" contra a subversão e que foram anuladas pelo Parlamento em 2003, o que impulsionou a reabertura de mais de mil causas relacionadas com o terrorismo de Estado. Kirchner voltou a pedir pela aparição de López, no momento em que a polícia continua sem sucesso sua busca em todo o país. O pedreiro, de 77 anos e que sofre de mal de Parkinson, desapareceu de sua casa nas proximidades da cidade de La Plata no dia 18 de setembro, dias após declarar em um julgamento contra o ex-policial Miguel Etchecolatz, posteriormente condenado a prisão perpétua por "genocídio". Organismos de direitos humanos, partidos políticos e estudantis fizeram hoje uma nova manifestação para reivindicar sua aparição com vida. O governador da província de Buenos Aires, Felipe Solá, assegurou que a busca de López "continua com a mesma intensidade do começo" e considerou que seria "gravíssimo desistir" neste momento. Cartazes com o rosto de López distribuídos pelos quatro cantos do país, 25 milhões de mensagens de texto enviados a telefones celulares, e uma recompensa de US$ 64 mil a quem de informações sobre seu paradeiro, são algumas das ações empreendidas pelo Governo para achar a testemunha. Além da hipótese de seqüestro, no qual poderiam estar implicados policiais segundo Solá, a família do pedreiro afirma que o septuagenário pode estar perdido vítima de uma "crise emocional".

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