Kirchner denuncia conspiração para derrubar governo

Deputado e marido da presidente Cristina acusa vice de se aliar a presidente do BC e ao grupo Clarín

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Por AE
Atualização:

O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, marido da atual presidente, Cristina Kirchner, denunciou ontem uma conspiração para derrubar o governo do país. Os aliados de Cristina já batizaram esse movimento de "restauração conservadora". Néstor, que atualmente ocupa uma cadeira de deputado e é tido por muitos como o presidente de facto da Argentina, afirmou que a cúpula dos conspiradores é liderada pelo vice-presidente da República, Julio Cobos, pelo presidente do Banco Central, Martín Redrado, e pelo Grupo Clarín, o maior holding multimídia do país, que se tornou nos últimos dois anos a principal fonte de denúncias contra o governo.A temperatura política de Buenos Aires esquentou ainda mais ontem, quando o líder do kirchnerismo na Câmara de Deputados, Agustín Rossi, exigiu que o vice-presidente Cobos renuncie, já que "coloca obstáculos" para o governo. O governador da província de Entre Ríos, o kirchnerista Sergio Uribarri, colocou mais lenha na fogueira e afirmou que Cobos lidera a oposição e "trabalha pela queda do governo".Durante um encontro com aliados, Kirchner se mostrou furioso com a crise institucional que assola o país desde a quarta-feira passada, quando Cristina exigiu a renúncia do presidente do BC, que se recusava a apoiar o plano do governo de pagar parte da dívida pública argentina com US$ 6,5 bilhões das reservas do país. Na quinta-feira, Cristina demitiu Redrado por decreto. No entanto, menos de 24 horas depois, ele foi restituído por ordem da juíza federal María José Sarmiento.Ontem, Kirchner se referiu ao kirchnerismo como uma religião e disse que o presidente restituído do BC era "uma espécie de Judas". "Não percamos tempo com Redrado. Alguns se convertem, outros nos enganam." O governo já entrou com um recurso para anular a restituição de Redrado. Com a manobra, a Casa Rosada pretende se livrar de vez do presidente do BC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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