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Kirchner enfrenta eleições cruciais em Buenos Aires

Por Agencia Estado
Atualização:

Metade dos habitantes da Argentina define amanhã o novo mapa do poder no país. Quatro províncias escolherão seus governadores, enquanto Buenos Aires, o distrito federal, elegerá o chefe de governo (prefeito). Mais do que em todas as outras províncias, o futuro do presidente Néstor Kirchner será definido na eleição portenha. Se El Pingüino (O Pingüim), como é conhecido o presidente, conseguir que seu candidato, o atual prefeito, Aníbal Ibarra, seja reeleito, contará com um aliado crucial na administração da maior cidade do país, onde está concentrado o poder econômico, político e cultural. Além disso, também serão realizadas eleições para deputados federais e senadores nas províncias e na capital, que proporcionariam ao governo uma confortável maioria no Parlamento. Com uma eventual vitória de Ibarra amanhã nas urnas, Kirchner poderá contrabalançar o poder que seu aliado e ex-padrinho político, o ex-presidente Eduardo Duhalde (2001-2002), possui na Província de Buenos Aires, onde está um terço da população do país e 36% do PIB total argentino. Kirchner convive pacificamente com Duhalde, pelo menos até o momento. Mas El Pingüino está tentando montar sua própria base política, que está sendo armada de forma "transversal", isto é, por meio de diversos partidos de centro-esquerda. Para isso, precisa que Ibarra, candidato da coalizão Força Portenha, vença na capital argentina. No entanto, a vitória não está garantida. Ibarra ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições. Na ocasião, o vencedor foi Maurício Macri, candidato do Compromisso com a Mudança, de centro-direita, que é presidente do time de futebol Boca Juniors e filho de Franco Macri, um dos mais poderosos empresários do país. A consultoria Equis considera que Ibarra conseguiria 40,8% dos votos, enquanto Macri ficaria com 40%. Outra pesquisa, da Catteberg e Associados, indica que Ibarra teria 41,1%, enquanto Macri conseguiria 39,6%. A definição seria proporcionada por uma média de 10% de indecisos. Na reta final, Ibarra dedicou-se a explorar a intensa atividade cultural que a cidade teve sob sua administração. Uma série de figuras da música - popular e clássica -, da TV e do cinema gravaram spots publicitários pedindo o voto para Ibarra. A campanha teve seu lado apelativo. Milhares de cartazes apareceram nos muros da cidade, mostrando Macri ao lado de Menem, para relembrar aos portenhos os antigos vínculos entre o candidato e o mais impopular ex-presidente argentino. Ibarra tampouco saiu ileso: Buenos Aires ficou empastelada com a foto de dois homens beijando-se na boca, recordando que o atual prefeito havia legalizado o casamento entre homossexuais, medida abominada pelos setores conservadores da cidade, inclinados a votar por Macri.

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