20 de outubro de 2015 | 02h01
Scioli representa a continuidade do kirchnerismo, que em 12 anos provocou 21 mortes em protestos sociais e 3 mil em execuções policiais com "gatilho fácil", que atingem as populações mais pobres. Macri, depois de instalar uma polícia metropolitana que ainda nem cobre toda a superfície de Buenos Aires, governada por ele há oito anos, compactuou com inúmeros casos de abuso.
O maior problema no tratamento das questões relativas à segurança é que a participação de funcionários públicos na cúpula do crime organizado ganha menos visibilidade que os pequenos delitos. Estes, por sua vez, ganham uma exposição desproporcional, como se fossem a única preocupação dos habitantes da cidade. Os moradores entram no ciclo, pedem mais policiais com mais armas e respostas mais violentas.
Em um processo que já leva mais de uma década, o "problema da insegurança" virou um ordenador da política nacional. São vendidas soluções que levam a modificar a ocupação do espaço urbano e do cotidiano. Não tome um táxi na rua, não deixe um estranho subir no elevador, não faça negócios em dinheiro, instale guaritas de vigilância no bairro, portas blindadas, câmeras, grades e arames farpados. Já é normal na Argentina aceitar que o porteiro de um condomínio empresarial peça seu documento e tire uma foto com uma camerazinha.
A polícia e imprensa mostram a imagem da "delinquência" como um grupo organizado, cujos integrantes se conhecem entre si e atuam homogeneamente, com recursos e táticas modernos. A expressão mais fina disso são as "ondas" de delitos. Vemos como os delinquentes se dedicam a roubar restaurantes num mês, edifícios no outro, aposentados no seguinte, táxis no que virá. E cada onda magicamente desaparece quando vem a seguinte.
É ADVOGADA E ESPECIALISTA EM TEMAS DE SEGURANÇA LIGADA A DIREITOS HUMANOS
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