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Aliado de Cristina reage a acusação sobre morte de promotor argentino

Ex-diretor de inteligência chama Jaime Stiuso de psicopata mentiroso; agente  acusou kirchnerismo pela morte de Nisman

Por Rodrigo Cavalheiro
Atualização:

BUENOS AIRES- O último chefe da Agência Federal de Inteligência do governo kirchnerista, Oscar Parrilli, rejeitou ontem acusações do espião Jaime Stiuso, que na segunda-feira afirmou em depoimento à Justiça que o promotor Alberto Nisman foi assassinado por grupos ligados ao governo de Cristina Kirchner. “Trata-se de um psicopata mentiroso”, disse o kirchnerista à Rádio Del Plata.  A menção à ex-presidente foi relatada ontem por um advogado das filhas de Nisman, Federico Casal. Segundo o jornal Clarín, Stiuso afirmou que Cristina travou a investigação de pistas sobre o envolvimento de iranianos no atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia) em 1994, que matou 85 pessoas.

Promotor Alberto Nismanfoi encontrado morto em 18 de janeiro, quatro dias depois de apresentar uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman Foto: Arquivo/Reuters

O caso era investigado por Nisman, encontrado com um tiro na cabeça quatro dias depois de denunciar a ex-presidente e a cúpula kirchnerista por proteger iranianos que a Justiça local considerou culpados do ataque. O promotor dizia ter gravações que provavam uma tentativa de abafar a investigação em troca de vantagens comerciais para a Argentina. Sua denúncia foi arquivada em maio. Parrilli criticou a relação entre os dois: “Stiuso era chefe de Nisman. Sua denúncia (contra Cristina) foi escrita por Stiuso e o que levou Nisman a apresentar a denúncia naquele momento foi a decisão de a ex-presidente remover Stiuso de seu cargo.” O espião ficou meses nos EUA, entrou na Argentina para depor e deixou o país.  Stiuso era um dos mais antigos agentes de inteligência argentina quando foi aposentado por Cristina, em dezembro. Havia começado na função em 1972. De Néstor Kirchner (2003-2007), recebeu a missão de municiar Nisman com informações. Segundo o espião, sua remoção ocorreu depois de o kirchnerismo saber das gravações mencionadas por Nisman. O advogado de Stiuso afirmou que seu cliente não tem provas das acusações feitas em seu depoimento. Elas deveriam ser tomadas, segundo ele, como hipóteses com base em seus mais de 40 anos de experiência. Depois de ouvir o relato do espião durante 16 horas, a juíza Fabiana Palmaghini, que assumiu o caso dias após a posse de Mauricio Macri em dezembro, no lugar da promotora Viviana Fein, decidiu denunciar sua antecessora criminalmente.  Ela acusou Fein de omitir que Stiuso dissera há um ano estar convicto de que se tratava de um crime e não um suicídio. Fein e as perícias oficias sempre se inclinaram pela hipótese de que Nisman havia disparado. A família do promotor contratou uma equipe de peritos que atestou um homicídio. Em um sinal de que considera agora essa a hipótese mais forte, Palmaghini encaminhou o caso para a Justiça Federal, como desejava a família.

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