MURSITPINAR, TURQUIA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a cidade síria curda de Kobani está "prestes a cair" após combatentes do Estado Islâmico (EI) terem entrado na região sudoeste, em um ataque de três semanas que, segundo estimativas, causou ao menos 400 mortes.
A possibilidade de que a cidade na fronteira turca possa ser capturada pelos militantes aumentou a pressão para que a Turquia, país com as forças militares mais fortes da região, se una à coalizão internacional para combater o grupo jihadista.
O EI quer tomar Kobani para fortalecer sua posição na região da fronteira e consolidar os ganhos territoriais no Iraque e na Síria que teve nos últimos meses. Os ataques aéreos liderados pelos EUA até agora fracassaram em impedir o avanço sobre Kobani.
Para Erdogan, os bombardeios não são suficientes para derrotar o EI e a Turquia deixou claro que medidas adicionais seriam necessárias. "O problema do EI não pode ser resolvido via ataques aéreos. Agora, Kobani está prestes a cair", disse ele durante uma visita a um campo de refugiados sírios. "Nós alertamos o Ocidente. Queríamos três coisas. Uma zona livre de voos, uma zona segura paralela a isso e o treinamento de rebeldes sírios moderados."
Segundo o presidente, a Turquia interviria caso houvesse ameaças a soldados turcos que protegem um local histórico na Síria, que o governo turco considera território turco. Mas até agora a Turquia não se movimentou para combates do outro lado da fronteira.
Do lado turco, duas bandeiras do EI podem ser vistas no lado leste de Kobani. Dois ataques aéreos atingiram a área e tiroteios esporádicos podem ser ouvidos.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo que monitora a situação no país, disse ter documentado 412 mortes de civis e combatentes durante a batalha por Kobani, que já dura três semanas.
Nesta terça-feira, 7, colunas de fumaça branca foram vistas nas partes oriental e central de Kobani e duas ambulâncias cruzaram a fronteira, viajando da cidade até o lado turco.
Jihadistas estavam utilizando armamentos pesados e artilharia para atingir Kobani, disse Asya Abdullah, uma autoridade curda. "Ontem houve um confronto violento. Temos lutado com firmeza para mantê-los fora da cidade. Os confrontos não acontecem em toda Kobani, mas em áreas específicas, nos arredores, em direção ao centro."
Estima-se que 180 mil pessoas da região de Kobani tenham fugido para a Turquia após o avanço do Estado Islâmico. / REUTERS