Kosovo exige libertação imediata de ex-primeiro-ministro preso na França

Ramush Haradinaj foi detido pela polícia francesa por uma acusação de crimes de guerra apresentada em 2004 pela Sérvia

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PRISTINA - O governo do Kosovo exigiu nesta quarta-feira a imediata libertação de seu ex-primeiro-ministro Ramush Haradinaj, detido pela polícia francesa por uma acusação de crimes de guerra apresentada em 2004 pela Sérvia. Em comunicado, o governo kosovar afirma que "enviou uma carta ao Ministério da Justiça da França para exigir a libertação imediata do senhor Haradinaj", segundo informa o portal de notícias regional Balkaninsight.com. Haradinaj, um antigo líder guerrilheiro e ex-premiê do Kosovo, foi detido hoje pela polícia francesa no aeroporto de Basel-Mulhouse, situado no lado francês da tríplice fronteira entre Suíça, França e Alemanha.

Ex-premiê kosovar Ramush Haradinaj em foto de 2012 Foto: ARMEND NIMANI/AFP

A Justiça sérvia o reivindica pela suspeita de crimes de guerra contra civis sérvios durante o conflito do Kosovo (1998-1999), que colocou em lados opostos a então guerrilha separatista do Exército de Libertação do Kosovo (UCK) e as forças sérvias. Por sua parte, Avni Arifi, alto responsável da Aliança para o Futuro do Kosovo (AAK), o partido opositor liderado por Haradinaj, acusou hoje o governo kosovar de ser responsável pela detenção. "A detenção de Haradinaj na França se deve a uma acusação da Sérvia de 2004, o que é produto final das negociações entre o governo do Kosovo e Sérvia", escreveu Arifi em sua página no Facebook. "Só este tipo de coisa pode sair destas negociações. Este é o legado de Issa (Mustafa, o primeiro-ministro kosovoar) e de Hashim (Thaçi, o presidente do Kosovo)", concluiu Arifi. O dirigente do AAK fazia referência às negociações de normalização de relações entre Kosovo e Sérvia, sob mediação da União Europeia (UE), que constituem uma condição para que ambas partes possam se aproximar do bloco comunitário. Haradinaj tinha sido primeiro-ministro durante 100 dias em 2004 e deixou esse cargo justamente para responder às acusações de crimes de guerra. Em duas ocasiões foi absolvido - em 2008 e 2012 - pelo Tribunal Internacional para os Crimes de Guerra na Antiga Iugoslávia. No Kosovo foi recebido em ambas ocasiões como um herói, enquanto sua absolvição foi considerada "injusta" na Sérvia. Em junho de 2015, Haradinaj, que continua sendo uma das figuras políticas mais influentes do Kosovo, foi detido em Liubliana pela mesma ordem de captura sérvia, mas libertado dois dias depois. O Kosovo, uma antiga província sérvia povoada por uma maioria de albaneses étnicos, declarou em fevereiro de 2008 sua independência, que a Sérvia segue sem reconhecer. / EFE

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