05 de março de 2014 | 02h05
Se fosse por Mihail Formuzal a crise em Kiev jamais teria ocorrido, a Moldávia escolheria a Rússia, não a Europa, e o acordo de adesão à União Europeia seria engavetado. Formuzal é o presidente da região autônoma da Gagaúzia, na Moldávia. Em fevereiro, ele convocou um referendo consultando os 155 mil membros da minoria cristã ortodoxa da região a respeito de uma união alfandegária com a Rússia ou um acordo com a UE. Resultado: 98,5% da população votou a favor da Rússia. Na Moldávia, os gagaúzes são considerados a quinta coluna de Moscou.
Moscou tenta atrair as ex-repúblicas soviéticas para sua esfera de influência. Até 2009, os comunistas comandaram a Moldávia, mas hoje uma coalizão favorável à Europa está no poder. Há um bom tempo, o país acertou um acordo com a UE, que seria assinado em agosto. Portanto, Moldávia e Geórgia seriam as únicas ex-repúblicas que se arriscaram a aproximar da Europa. Mas isso realmente ocorrerá? O Kremlin está empenhado em impedir que se forme um vínculo muito forte entre Europa e Moldávia e usa a Gagaúzia para isso. A capital Comrat é uma cidade letárgica onde a única língua falada além do gagaúz é o russo e as pessoas assistem ao Canal 1 de Moscou.
O restante da Moldávia, porém, também mudou sua atitude em relação à Europa. Apenas 44% deles defendem a integração com a UE, ao passo que os que preferem uma união alfandegária com a Rússia já são 40%. "Queremos nosso próprio Estado", diz Formuzal. "Queremos ter o mesmo status da Transdniéstria" - região que se separou da Moldávia em 1992 e hoje é mantida pela Rússia.
"Para 60% dos habitantes da Moldávia a situação era melhor no tempo dos soviéticos", diz Victor Chirila, assessor do ex-premiê moldavo Vlad Filat. "Agora, uma Rússia próspera oferece uma alternativa melhor." / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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