Latino-americanos valorizam mais o desenvolvimento do que a democracia

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Por Agencia Estado
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Entre os latino-americanos, 52% consideram que o desenvolvimento econômico é mais importante do que a democracia; e, entre os países que dão destaque ao sistema democrático, o Brasil é o que o valoriza menos. Ao mesmo tempo, 56% dos cidadãos da região querem ter presidentes eleitos e liberdades civis. É o que aponta a pesquisa anual Latinobarómetro, divulgada em Santiago (Chile), realizada em 17 países da região e que representa opiniões, atitudes e comportamento de 400 milhões de pessoas. Segundo o estudo, a democracia é o mais importante apenas para 24% da população, enquanto que 17% dizem que ambos são importantes. Este dado não sofreu variações em relação à pesquisa do ano passado - confirmando a debilidade da democracia na região, onde a satisfação com a economia é prioridade e dá suporte ao regime democrático. De acordo com a Latinobarómetro, os países com maior adesão à democracia são Uruguai e Costa Rica, com 77%, e, entre os que valorizam o regime, o que apresenta menor taxa é o Brasil com 37%. Ao mesmo tempo, Chile e Equador, respectivamente com 31% e 29%, são os dois países onde é maior a indiferença em relação ao regime democrático. E, nos países onde ocorre alternância no poder, onde há mudanças de governo, aumenta o apoio no início dos novos governos. Isso mostra que as pessoas têm a expectativa de que um novo governo fará a democracia funcionar melhor tanto do ponto de vista politico como econômico. Este é o caso do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, onde a democracia alcançou 61% de adesão quado ele foi eleito em 2000. Caso similar é o ocorrido com Alejandro Toledo no Peru, que teve 62% de adesão inicial. Em países em crise como a Argentina, os cidadãos criticaram fortemente o governo. Por esse motivo, o apoio à democracia obteve apenas 10% e só 14% expressaram confiança no governo. Além disso, a sondagem também revelou que 56% dos cidadãos latino-americanos não abrem mão de eleger seus governos e manter suas liberdades civis. Mas apenas 29% têm confiança em seus governos e 36% os aprovam. Os dados evidenciam uma expansão do conceito de cidadania, apoiado por uma década de discurso democrático, aumento dos níveis de educação e inclusão de grandes segmentos da população à cidadania através da alternância das elites, como é o caso do Peru, Venezuela, México e Equador.

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