Latinos não podem ser subservientes aos EUA, diz Lula

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Por DENISE CHRISPIM MARIN E TÂNIA MONTEIRO
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a América Latina e o Caribe não podem ser subservientes em relação aos Estados Unidos. Na avaliação dele, as relações com os EUA e com a União Européia (UE) precisam ter "o máximo de independência possível, sem que, para isso, os países da região deixem de fazer negócios com essas potências, desde que em condições legítimas, justas e adequadas". "É preciso ter boas relações com os Estados Unidos, mas a subserviência não ajuda ninguém a crescer. Não há hipótese de crescimento", afirmou o presidente na Costa do Sauípe, na Bahia. Como exemplo de desvantagem da subserviência, Lula contou um episódio vivido por ele na cidadezinha francesa de Evian, em julho de 2003, durante a reunião do G-8 - grupo de sete países mais ricos do mundo mais a Rússia. Ele disse que, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, entrava na sala de reuniões, todos os chefes de Estado se levantavam. Lula afirmou que, sentado ao lado do seu assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, decidiu que não se levantaria e que, em seguida, Bush veio cumprimentá-lo. "Eu acho que o comportamento subserviente de muita gente, na política, faz com que não seja devidamente tratado e respeitado." O presidente acrescentou que, quando o Brasil mobilizou países para a criação do G-20, na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) realizada em 2003 em Cancún, no México, vários governantes sofreram pressão para não comparecer ao encontro seguinte. "Sinto que essa consciência está mudando." Para ilustrar a mudança, Lula citou o exemplo da transformação do bicho-da-seda: "Não sei se todo mundo conhece o casulo que produz a seda. O bicho-da-seda fura um buraquinho, e de lá sai uma borboleta."

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