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Lava do vulcão nas Ilhas Canárias chega ao mar, provocando receios de gases tóxicos

Como medida de precaução, residentes das zonas mais próximas do município de Tazacorte estavam confinados desde segunda-feira, enquanto as autoridades estabeleceram um perímetro de segurança

Por Désirée Martín com Diego Urdaneta/AFP
Atualização:

MADRI - A lava do vulcão que entrou em erupção há 11 dias na ilha espanhola de La Palma chegou ao mar na noite de terça-feira, 28, gerando gases potencialmente tóxicos, embora, no momento, represente apenas um risco “menor” à população.

As imagens da AFPTV nesta quarta-feira de manhã mostraram grandes colunas de vapor e gases subindo à medida que a cascata de lava entrava no mar ao largo da costa ocidental do arquipélago atlântico das Ilhas Canárias.

A lavavulcão atingiu o oceano Atlântico na noite de 28 de setembro, na área conhecida como praia Los Guirres. Foto: AP Photo/Saul Santos

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O impacto do encontro da lava a mais de 1.000 graus proveniente do vulcão Cumbre Vieja com a água do oceano ocorreu finalmente às 23h (horário local), um momento temido durante dias devido à possibilidade de explosões, gases tóxicos e ondas de água fervente.

Como medida de precaução, residentes das zonas mais próximas do município de Tazacorte estavam confinados desde segunda-feira, enquanto as autoridades estabeleceram um perímetro de segurança de 3,5 km em terra e duas milhas náuticas na água.

“Neste momento temos um vento importante na zona que dissipa mais aquela coluna (de gases) em direção ao mar, o que torna o risco muito menor” para a população, disse Rubén Fernández, membro do Plano de Emergência Vulcânica das Ilhas Canárias (Pevolca), à rádio pública RNE.

“Neste momento não temos qualquer indicação de que seja perigoso para as pessoas que se encontram no confinamento nem para as equipas de emergência, que também respeitam os perímetros de segurança”, observou Fernandez.

“A inalação ou contato com gases ácidos e líquidos pode irritar a pele, os olhos e o sistema respiratório e causar dificuldades respiratórias”, avisou o Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan).

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A lava deságua no mar, vista de Tijarafe, após a erupção de um vulcão nas ilhas Canárias de La Palma. Foto: REUTERS/Borja Suarez

Um canal para o mar

Cientistas disseram que era muito difícil prever quando a lava chegaria ao mar, uma vez que sua velocidade tinha variado nos dias anteriores e até se tinha tornado imóvel a certa altura.

Diante das piores previsões, a chegada da lava ao mar “desenvolveu-se normalmente”, disse o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, numa entrevista à rádio COPE na quarta-feira de manhã.

“Foi aberto um canal do vulcão para o mar e o que todos esperamos é que ele evolua de uma forma natural, pare de espalhar” a lava sobre a ilha “e vá em direção ao mar”, disse Torres.

Na segunda-feira de manhã, houve uma notável redução da atividade no vulcão Cumbre Vieja. 

Mas à tarde, nesse dia, a erupção voltou com intensidade renovada, o que fez com que o fluxo ganhasse velocidade e acabasse por chegar à água na terça-feira.

Alívio

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Mais de 6.000 pessoas tiveram de fugir das suas casas, mas até agora não houve feridos ou mortos, embora tenha havido danos materiais graves.

A lava já destruiu 656 edifícios — nem todos eles casas — e cobriu 268 hectares, de acordo com o sistema europeu de medição geoespacial Copérnico, nesta ilha de 85.000 pessoas, que vive da bananicultura e do turismo. 

“Não há nada além da lava, a paisagem será diferente, a devastação é tremenda (...) A ilha de La Palma nessa zona é outra ilha”, lamentou o presidente regional das Ilhas Canárias.

A chuva de cinzas deixou o aeroporto de Santa Cruz de la Palma inoperante durante 24 horas durante o fim de semana, e embora teoricamente esteja já em funcionamento, praticamente nenhum voo chega ali.

Gert Waegerle, 75, morador de La Palma, limpa a entrada de sua casacoberta de cinzas após a erupção vulcânica. Foto: REUTERS/Jon Nazca

Na terça-feira, o governo espanhol aprovou um pacote de ajuda direta de 10,5 milhões de euros (US$ 12,2 milhões) para fornecer habitação e bens de primeira necessidade àqueles que perderam tudo na erupção.

Os peritos estimam que a erupção poderia durar várias semanas, ou mesmo meses.

As duas erupções anteriores em La Palma ocorreram em 1949 e 1971, matando um total de três pessoas, duas das quais por inalação de gás.

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