Le Pen nas eleições é bom para democracia, dizem franceses

Foi o que revelou pesquisa do instituto Ipsos-Dell divulgada neste domingo

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Por Agencia Estado
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Seis em cada dez franceses acreditam que a candidatura do ultradireitista Jean-Marie Le Pen às eleições presidenciais de abril-maio é boa para a democracia, segundo pesquisa do instituto Ipsos-Dell divulgada neste domingo, 4. Segundo 58% dos entrevistados, "não seria bom para a democracia" se Le Pen não pudesse concorrer à Presidência por não ter obtido o apoio necessário para apresentar a candidatura. A lei eleitoral francesa exige que cada aspirante ao Palácio do Eliseu apresente um mínimo de 500 assinaturas de apoio por parte de ocupantes de cargos eletivos franceses (prefeitos, parlamentares e conselheiros provinciais ou regionais) para que o Conselho de Estado (máxima instituição administrativa) valide uma candidatura. Os concorrentes à sucessão do presidente Jacques Chirac têm até o dia 16, às 18 horas (14 horas de Brasília), para entregar as assinaturas. Já 36% dos franceses pensam que seria "bom para a democracia" se o líder da Frente Nacional (FN) não pudesse se candidatar, enquanto 6% dos entrevistados não se pronunciaram, segundo as enquetes. Em março de 2002, semanas antes do primeiro turno das últimas eleições presidenciais, uma pesquisa semelhante apresentou um resultado oposto: 54% achavam que a ausência de Le Pen era boa para a democracia, frente a 41% que opinavam o contrário. Em 2002, Chirac e Le Pen disputaram o segundo turno do pleito no qual o primeiro foi eleito com mais de 80% dos votos, percentagem mais alta já obtida por um presidente francês. Dificuldade com declarações Mas Le Pen não é o único dos chamados "pequenos candidatos" a ter dificuldades para conseguir as 500 declarações de apoio necessárias: o líder antiglobalização José Bové e o soberanista e direitista cristão Philippe de Villiers - com quem o presidente da FN mantém uma acalorada troca de acusações - também têm problemas. Apesar das reivindicações para a reforma desse filtro de candidaturas, a maioria dos franceses (56%) acredita que a regra evita as postulações que não são sérias. Segundo seu partido, Le Pen ainda precisa de cerca de 100 apadrinhamentos. A FN acusa De Villiers de utilizar-se de uma estratégia para pressionar os ocupantes de cargos eletivos que prometeram, mas ainda não formalizaram, o apoio ao líder ultradireitista francês. Le Pen, que apelidou De Villiers de "barão negro", apresentou 14 processos aos tribunais para denunciar as supostas pressões, além de outro sobre uma suposta invasão no sistema de computadores da sede de seu partido. As pesquisas apontam que Le Pen tem entre 13 e 14% das intenções de voto, mas o candidato afirmou no sábado que, segundo suas próprias estimativas, teria cerca de 20%. Por isso, acredita que disputará novamente o segundo turno em maio.

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