Instituto acusa Lech Walesa de colaborar com polícia comunista na era soviética

Polonês reconheceu publicamente que havia 'assinado um papel' por ordem da polícia durante uma das tantas detenções que sofreu quando era um sindicalista, mas qualificou de absurda qualquer acusação de colaboração com a polícia política

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Atualização:

Um novo documento sobre a suposta colaboração do polonês Lech Walesa, chefe histórico do sindicato Solidariedade, com os serviços secretos durante o comunismo foi encontrado pelo Instituto da Memória Nacional (IPN), indicou este organismo em seu site.

Trata-se de uma "folha de papel manuscrita" de 1974 que relata a conversa de um funcionário dos serviços secretos com "o colaborador secreto Bolek", nome em código que alguns historiadores atribuem ao ex-presidente polonês e Prêmio Nobel da Paz.

Ex-presidente da Polônia e Prêmio Nobel da Paz, Lech Walesa, derruba a primeira peça do dominó gigante montado no Portão de Brandenburgo Foto: AP

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Essa folha faz parte de um pacote de documentos apreendidos na casa da viúva do general Czeslaw Kiszczak, morto em 2015, que foi o braço-direito do ex-ditador comunista polonês Wojciech Jaruzelski.

Lech Walesa, que vive nos Estados Unidos, reagiu nesta quarta-feira, 17, com um comentário em seu blog: "Esses pequenos personagens desenterram até mesmo o cadáver de Kiszczak para lutar contra mim. Não podem mudar os fatos com suas mentiras, suas calúnias e seus papéis falsos".

Walesa, de 72 anos, havia entrou com um processo por difamação contra os que o acusavam de colaboração com os serviços comunistas, particularmente em 2009 contra o presidente Lech Kaczynski, morto em um acidente de avião em abril de 2010. Mas depois da morte do presidente, Walesa retirou a demanda.

O irmão gêmeo de Lech Kaczynski, Jaroslaw Kaczynski, chefe absoluto do partido Direito e Justiça, atualmente no poder, é um inimigo ferrenho de Walesa, de quem foi colaborador quando era presidente nos anos 90.

Presidente polonês Lech Kaczynski recebe o príncipe Charles e sua mulher, Camila Parker Bowles em Varsóvia Foto: Jacek Turczyk/Efe

Lech Walesa reconheceu publicamente que havia "assinado um papel" por ordem da polícia durante uma das tantas detenções que sofreu quando era um sindicalista opositor ao regime comunista, mas qualificou de absurda qualquer acusação de colaboração com a polícia política.

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Em 2000, um tribunal especial o absolveu de qualquer colaboração com o SB, os serviços secretos do Ministério do Interior, um tema de debate recorrente na Polônia. Walesa propôs em janeiro um debate público para defender sua reputação diante de seus opositores, mas o Instituto IPN, que deveria organizá-lo em março, cancelou o evento devido a uma divergência sobre a fórmula proposta pelo Prêmio Nobel. / AFP 

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