Lei argentina obriga trabalho de palhaços em hospitais

Legislação apresenta o tratamento à base de risos como forma de medicina complementar para alegrar crianças, famílias e funcionários

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Por Rodrigo Cavalheiro , correspondente e Buenos Aires
Atualização:
Palhaços da empresa Alegría Intensiva comemoram lei argentina Foto: Reprodução / Facebook

BUENOS AIRES - Os hospitais públicos com serviço de pediatria da maior província argentina serão obrigados a ter palhaços treinados para a reabilitação de pacientes. A lei, aprovada em maio pelo Legislativo da Província de Buenos Aires e publicada esta semana, apresenta o tratamento à base de risos como uma forma de medicina complementar destinada a alegrar não só as crianças internadas, mas também suas famílias e os funcionários. 

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A lei define a função de "palhaço de hospital". O especialista na "arte clown" deve ser um ator ou atriz com preparação específica. A norma determina que a atenção precisará ser regular, pelo menos uma vez por semana, em unidades hospitalares da província e dos municípios. "Há uma corrente médica que defende a abordagem do paciente sem etiquetas, sem divisões entre o são e o doente", disse deputado kirchnerista Darío Golía, autor da lei, à agência pública Telam. 

A injeção de gargalhadas em tratamentos já é feita em alguns hospitais de referência de La Plata, capital da província, e de Buenos Aires. Uma das ONGs fornecedoras de mão de obra é a Alegría Intensiva, que hoje tem 18 palhaços treinados, aos quais paga 2.500 pesos (R$ 935) por mês para atuarem 5 horas, uma vez por semana.

"A lei prevê que sejam empregados atores e atrizes capacitados. Há certas exigências, como acompanhamento psicológico mensal para os palhaços. Eles são treinados para dissociar a parte pessoal do que vão encontrar no quarto. Não podem entrar e começar a chorar", explicou ao Estado Mariano Rosemberg, diretor da ONG argentina, que se inspirou e recebe treinamento da brasileira Doutores da Alegria.

O grupo argentino se sustenta com patrocínios, eventos e palestras. Segundo Rosemberg, a transformação da risoterapia em lei começou há três anos. Se a implementação ocorrer como planejado, os palhaços terão dois turnos semanais, com o que dobrariam seu rendimento. "Não deixarão de precisar de outros trabalhos, mas essa é mesmo uma atividade secundária que exige profissionalismo", esclarece. 

Os palhaços que trabalharem nos hospitais públicos serão pagos pela Província de Buenos Aires, que tem 13 milhões de habitantes - a Argentina tem 40 milhões. Segundo outra ONG do setor, a Payamédicos, há 2 mil profissionais usando narizes laranjas (evitam o vermelho por uma associação com sangue) e roupas de médico na Argentina e no Chile.

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