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Leia a íntegra do discurso de Netanyahu no Congresso americano

Primeiro-ministro de Israel falou diante de congressistas e senadores em Washington nesta terça

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Por Redação
Atualização:

Netanyahu diante de congressistas americanos em Washington nesta terça-feira

 

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WASHINGTON - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um discurso perante o Congresso americano nesta terça-feira, 24. Ao longo do pronunciamento o premiê foi aplaudido de pé inúmeras vezes pelos congressistas, e uma manifestante de um grupo judaico americano o criticou e acusou o país de "crimes de guerra".

 

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O discurso de Netanyahu ocorre dias após um pronunciamento feito pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Departamento de Estado, também em Washington. Em sua fala, Obama defendeu a criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967.

 

Obama e Netanyahu se encontraram na semana passada na Casa Branca. Na reunião, a portas fechadas, os líderes discutiram a fórmula proposta por Obama para o Estado palestino - rejeitada por Netanyahu logo após o discurso. Nesta terça-feira, o premiê falou ao Congresso sobre as mesmas questões e manteve as posições.

 

O presidente Obama, em viagem à Europa, foi representado durante a sessão na qual Netanyahu discursou pelo vice, Joe Biden. Ao lado dele estava o líder do Congresso, o senador republicano John Boehner.

 

Leia a seguir a tradução da íntegra do pronunciamento.

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Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel: Sinto-me profundamente honrado por essa calorosa acolhida. E também profundamente honrado por me darem a oportunidade de discursar pela segunda vez perante este Congresso.

 

Senhor vice-presidente, lembra-se de quando éramos crianças?

 

E vejo muitos velhos amigos aqui. E muitos novos amigos de Israel. Tanto democratas como republicanos.

 

Israel não tem melhor amigo do que a América. E a América não tem um amigo melhor do que Israel. Estamos unidos na defesa da democracia. Unidos na promoção da paz. Para combater o terrorismo. Felicitações, América. Congratulações, senhor presidente. Vocês pegaram bin Laden. Por fim!

 

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Num Oriente Médio instável, Israel é a âncora da estabilidade. Numa região de alianças instáveis, Israel é um aliado inquebrantável da América. Israel sempre foi pró-americano. Israel será sempre pró-americano.

 

Meus amigos, os senhores não necessitam criar a nação de Israel. Nós já a criamos. Não necessitam exportar a democracia para Israel. Nós já a temos. Não necessitam enviar tropas para defender Israel. Nós nos defendemos. Vocês foram muito generosos nos fornecendo os instrumentos para levarmos a cabo o trabalho de Israel defender-se por si só. Obrigado a todos os senhores, e obrigado, presidente Obama, por seu compromisso firme com a segurança de Israel. Sei que os tempos são difíceis para a economia. Por isso, agradeço profundamente.

 

Alguns dos senhores têm me dito que sua crença tem se fortalecido sobre o apoio à segurança de Israel ser um investimento sensato no nosso futuro comum. Porque uma batalha épica vem se desenrolando no Oriente Médio, entre a tirania e a liberdade. Uma grande convulsão vem sacudindo a terra desde o desfiladeiro de Khyber até o estreito de Gibraltar. Esses tremores estilhaçaram Estados e derrubaram governos. E todos nós podemos ver que o terreno ainda está instável. Agora, este momento histórico envolve a promessa de uma nova aurora de liberdade e oportunidade. Milhões de jovens estão determinados a mudar o seu futuro. Nós os olhamos. Eles mostram coragem. Arriscam suas vidas. Exigem dignidade. Desejam liberdade.

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As extraordinárias cenas vistas em Túnis e no Cairo evocam as de Berlim e Praga em 1989. Mas ao mesmo tempo em que compartilhamos as suas esperanças, precisamos lembrar também que essas esperanças podem ser frustradas como ocorreu em Teerã em 1979. Os senhores lembram o que ocorreu então. A curta primavera democrática no Irã foi interrompida por uma tirania feroz e implacável. Esta mesma tirania reprimiu a democrática Revolução de Cedro no Líbano e impôs a esse país tão sofrido o governo medieval do Hezbollah.

 

Assim, hoje, o Oriente Médio encontra-se em uma encruzilhada fatídica. Como todos os senhores, rezo para que os povos dessa região escolham o caminho menos percorrido, o caminho da liberdade. Ninguém sabe melhor do que os senhores que esse é o melhor caminho. Ele não é aberto apenas por eleições, mas quando os governos permitem protestos em suas praças, quando se estabelecem limites ao poder dos governantes, quando os juízes estão comprometidos com as leis, não com os homens. E quando os direitos humanos não podem ser aniquilados por lealdades tribais ou a lei da máfia.

 

Israel sempre adotou esse caminho, mas no Oriente Médio ele sempre foi rejeitado. Numa região onde as mulheres são apedrejadas, os homossexuais são enforcados, cristãos são perseguidos, Israel se destaca. É diferente.

 

Como previu há um século a grande escritora inglesa George Eliot, o Estado judeu "brilhará como uma estrela cintilante de liberdade em meio aos despotismos do Oriente". Ela estava certa. Nós temos uma imprensa livre, tribunais independentes, uma economia aberta, debates parlamentares ruidosos. Os senhores acham que são duros uns com os outros no Congresso? Passem um dia na Knesset. Sejam meus convidados.

 

Corajosos manifestantes árabes estão lutando com dificuldades para assegurar esses mesmos direitos para seus povos, suas sociedades. Estamos orgulhosos de que mais de um milhão de cidadãos árabes de Israel desfrutam desses direitos há décadas. Dos 300 milhões de árabes no Oriente Médio e norte da África, somente os cidadãos árabes de Israel desfrutam de direitos democráticos efetivos. Quero que os senhores parem por um segundo e pensem nisso. Dos 300 milhões de árabes, menos da metade de 1% é realmente livre e são todos cidadãos de Israel!

 

Este fato surpreendente revela uma verdade básica: Israel não é o que está errado no Oriente Médio. Israel é o que está certo no Oriente Médio. Israel apoia plenamente o desejo dos povos árabes da nossa região de viver livremente. Sonhamos com o dia em que Israel será uma das muitas verdadeiras democracias no Oriente Médio.

 

Há 15 anos estive nesta mesma tribuna e afirmei que a democracia deveria começar a criar raízes no mundo árabe. Bem, ela começou a se enraizar. Este início encerra a promessa de um futuro brilhante de paz e prosperidade. Porque eu acredito que um Oriente Médio genuinamente democrático será um Oriente Médio realmente em paz.

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Mas enquanto esperarmos e trabalharmos para o melhor, devemos reconhecer também que forças poderosas se opõem a esse futuro, à modernidade. Elas se contrapõem à democracia. À paz.

 

E entre essas forças o Irã se destaca. A tirania em Teerã brutaliza seu próprio povo. Ela dá suporte aos ataques contra as tropas americanas no Afeganistão e no Iraque. Subjuga o Líbano e Gaza. Patrocina o terror em todo o mundo.

 

Da última vez em que estive aqui, falei das terríveis consequências decorrentes do fato de o Irã desenvolver armas nucleares. Agora o tempo urge e o momento crucial da história está chegando. Porque o maior perigo enfrentado pela humanidade pode em breve estar diante de nós: um regime islâmico militante com armas nucleares.

 

O islamismo militante ameaça o mundo. Ameaça o Islã. Não tenho dúvidas de que ele acabará sendo derrotado. No final sucumbirá às forças da liberdade e do progresso. Mas como outros fanatismos destinados ao fracasso, o islamismo militante poderá cobrar um preço medonho de todos nós antes do seu inevitável desaparecimento.

 

Netanyahu reage enquanto congressistas americanos o aplaudem

 

Um Irã armado nuclearmente provocaria uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio. Daria aos terroristas uma cobertura nuclear. Tornaria o pesadelo do terrorismo nuclear uma ameaça clara e presente em todo o mundo. Quero que os senhores compreendam o que isso significa. Eles poderão colocar bombas em qualquer parte. Instalá-las num míssil. Elas poderão estar num contêiner de um navio num porto ou numa maleta num metrô.

 

Agora, a ameaça para o meu país é extremamente grande. Aqueles que descartam isso estão enfiando a cabeça na areia. Menos de sete décadas depois de seis milhões de judeus serem assassinados, os líderes iranianos negam o Holocausto do povo judeu e pedem a aniquilação do Estado judeu.

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Líderes que destilam esse veneno devem ser banidos de qualquer fórum respeitável do planeta. Mas há algo que torna esse ultraje ainda maior: a falta de indignação. Em grande parte da comunidade internacional, essa instigação no sentido da nossa destruição é recebida com total silêncio. E é pior ainda, porque há muita gente que se apressa em condenar Israel por se defender contra os representantes terroristas do Irã.

 

Mas não os senhores. Não a América. Vocês têm agido de modo diferente. Condenaram o regime iraniano por seus objetivos genocidas. Estabeleceram sanções severas contra o Irã. A história prestará uma

homenagem à América. O presidente Obama afirmou que os Estados Unidos estão determinados a

impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Ele conseguiu levar o Conselho de Segurança a adotar sanções contra o Irã. Aqui no Congresso os senhores aprovaram sanções mais duras. Essas palavras e ações são de vital importância.

 

Mas o regime dos aiatolás suspendeu somente uma vez, e por um curto período, o seu programa nuclear, em 2003, temendo uma possível ação militar. Naquele mesmo ano, Muamar Kadafi desistiu do seu projeto de desenvolver armas nucleares, pela mesma razão. Quanto mais o Irã acreditar que todas as opções estão sobre a mesa, menor será a chance de confronto. É por isso que eu lhes peço para continuarem enviando a Teerã uma mensagem inequívoca: de que a América jamais permitirá que o Irã produza armas nucleares.

 

Quanto a Israel, se a história ensinou alguma coisa ao povo judeu foi que precisamos levar a sério esses apelos para a nossa destruição. Somos um país que surgiu das cinzas do Holocausto. Quando dizemos "nunca mais", o que queremos dizer é realmente "nunca mais". Israel sempre se reservará o direito de se defender.

 

O premiê de Israel discursa diante de Biden (esq.) e do líder do Congresso, John Boehner

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Meus amigos, embora Israel continue sempre vigilante na sua defesa, jamais desistiremos da nossa busca pela paz. Nós só desistiremos quando ela for alcançada. Israel deseja a paz. Israel precisa de paz. Firmamos acordos de paz históricos com o Egito e a Jordânia que resistem há décadas.

 

Lembro-me como era a situação antes de obtermos a paz. Quase fui morto numa troca de tiros no Canal de Suez. Literalmente. Lutava contra terroristas ao longo das duas margens do rio Jordão. Muitos israelenses perderam seus entes queridos. Sei bem o que sofreram. Eu perdi meu irmão.

 

Ninguém em Israel deseja o retorno daqueles dias terríveis. A paz com o Egito e a Jordânia há muito tempo tem servido como uma âncora de estabilidade e paz no coração do Oriente Médio. Esta paz deve ser reforçada com o apoio político e econômico para todos aqueles que continuam comprometidos com a paz. Os acordos firmados com Egito e Jordânia são vitais. Mas não suficientes. Precisamos também encontrar uma maneira de forjar uma paz duradoura com os palestinos. Há dois anos comprometi-me publicamente com uma solução de dois Estados para dois povos: um Estado palestino ao lado do Estado judeu.

 

Estou disposto a compromissos dolorosos para alcançar esta paz histórica. Como líder de Israel, tenho a responsabilidade de liderar meu povo na direção da paz.

 

Não é fácil para mim. Reconheço que, numa paz autêntica, teremos que ceder partes da terra judaica. Na Judeia e Samaria, a população judaica não é uma ocupante estrangeira. Não somos os britânicos na Índia. Não somos os belgas no Congo.

 

Esta é a terra dos nossos ancestrais, a Terra de Israel, para a qual Abraão levou a noção de um só Deus, onde David enfrentou Golias e Isaías teve a visão da paz eterna. Nenhuma distorção da história conseguirá negar os quatro mil anos de vínculo entre o povo judeu e a terra judaica.

 

Mas há uma outra verdade: os palestinos partilham este pequeno território conosco. Buscamos uma paz em que eles não serão súditos de Israel e nem seus cidadãos. Eles deverão ter uma vida nacional de dignidade como um povo, livre, viável e independente em seu próprio Estado. E desfrutar de uma economia próspera, onde a sua criatividade e iniciativa possam florescer.

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Já vimos o início do que é possível. Nos últimos dois anos, os palestinos começaram a construir uma vida melhor para eles. O primeiro-ministro Fayyad conduziu este esforço. Desejo a ele uma recuperação rápida da recente operação a que se submeteu.

 

Nós ajudamos a economia palestina, removendo centenas de barreiras e obstáculos ao livre movimento de bens e pessoas. Os resultados foram extraordinários. A economia palestina está prosperando, crescendo a mais de 10% ao ano.

 

As cidades palestinas estão muito diferentes hoje do que há apenas alguns anos. Elas possuem centros de compra, cinemas, restaurantes, bancos. Existem até empresas que comercializam online. Tudo isso vem ocorrendo sem a paz. Imaginem o que deverá suceder havendo paz. E a paz será o prenúncio de um novo dia para ambos os povos. Tornará o sonho de uma paz árabe-israelense mais ampla uma possibilidade real.

 

Assim, eis a questão agora. Os senhores devem perguntar. Se os benefícios de uma paz com os palestinos são tão claros, porque essa paz nos escapa? Todos os seis premiês israelenses desde a assinatura dos acordos de Oslo concordaram com a criação de um Estado palestino. Eu inclusive. Então, por que a paz não foi alcançada? Porque, até agora, os palestinos não se dispõem a aceitar um Estado palestino se isso significa aceitar um Estado judeu ao lado.

 

Vejam, nosso conflito jamais teve a ver com a criação de um Estado palestino, mas sempre envolveu a existência do Estado judeu. Esse é o conflito. Em 1947, as Nações Unidas votaram a divisão da terra entre um Estado judeu e um Estado árabe. Os judeus disseram sim. Os palestinos disseram não. Nos últimos anos, os palestinos rejeitaram duas vezes ofertas generosas feitas por primeiros ministros israelenses, para criarem um Estado palestino em basicamente todo o território conquistado por Israel na Guerra dos Seis Dias.

 

Eles simplesmente não querem pôr fim ao conflito. E lamento dizer isto: eles continuam educando seus filhos para o ódio. Continuam dando nomes de terroristas para suas praças públicas. E pior de tudo, continuam perpetuando a fantasia de que Israel um dia será inundada pelos descendentes dos refugiados palestinos.

 

Meus amigos, isso precisa ter um fim. O presidente Abbas precisa fazer o que eu fiz. Dirige-me ao meu povo - e digo que não foi fácil para mim - e disse a eles: "Aceitarei um Estado palestino". Chegou a hora de o presidente Abbas apresentar-se ao seu povo e dizer: "Eu vou aceitar um Estado judeu".

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Essas seis palavras mudarão a história. Elas vão deixar claro para os palestinos que este conflito tem que acabar. Que não estão criando um Estado para continuar o conflito com Israel, mas para acabar com esse conflito. Elas convencerão os israelenses de que eles têm um real parceiro para a paz. Com esse parceiro, o povo de Israel estará disposto a assumir um compromisso de grande alcance. Eu estarei disposto a assumir um compromisso de grande alcance.

 

Mas esse compromisso deverá refletir as dramáticas mudanças demográficas que ocorreram a partir de 1967. A ampla maioria dos 650 mil israelenses que vivem além das linhas demarcadas em 1967, reside em bairros e subúrbios de Jerusalém e da grande Tel Aviv.

 

Essas áreas são densamente povoadas, mas geograficamente pequenas. Com base em um acordo de paz realista, essas regiões, como outros locais de importância nacional e estratégica vitais, devem ser incorporadas às fronteiras de Israel.

 

A situação dos assentamentos será decidida somente em negociações. Mas devemos ser honestos. Estou dizendo hoje algo que precisa ser dito publicamente por qualquer pessoa que pense nessa paz seriamente. Em qualquer acordo de paz para encerrar o conflito, alguns assentamentos acabarão além das fronteiras de Israel. O delineamento preciso dessas fronteiras tem que ser negociado. Seremos muito generosos com relação à dimensão de um futuro Estado palestino. Mas, como disse o presidente Obama, as fronteiras serão diferentes das que existiam em quatro de junho de 1967. Israel não retornará às linhas indefensáveis de 1967.

 

Manifestante é retirada do Congresso depois de interromper discurso de Netanyahu

 

Reconhecemos que um Estado palestino precisa ser grande o bastante para ser viável, independente e próspero. O presidente Obama, corretamente, referiu-se a Israel como a pátria do povo judeu, da mesma maneira que se referiu ao futuro Estado palestino como a pátria do povo palestino. Os judeus de todo o mundo têm o direito de imigrar para Israel. Os palestinos de todo o mundo devem ter o direito de imigrar, se quiserem, para um Estado palestino. Isso significa que o problema dos refugiados palestinos será resolvido fora das fronteiras de Israel.

 

No caso de Jerusalém, somente uma nação democrática como Israel protege a liberdade de culto de todas as crenças. Jerusalém não deverá jamais ser dividida novamente. Deve continuar sendo a capital única de Israel. Sei que é uma questão difícil para os palestinos. Mas acho que, com criatividade e boa vontade, uma solução será encontrada.

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Esta é a paz que pretendo forjar com um parceiro palestino comprometido com a paz. Mas os senhores sabem muito bem que, no Oriente Médio, a única paz que resistirá é a paz que se pode defender.

 

Assim, a paz precisa ser ancorada na segurança. Nos últimos anos, Israel retirou-se do sul do Líbano e de Gaza. Mas não alcançamos a paz. Em vez disso, o que obtivemos foram 12 mil foguetes lançados daquelas áreas sobre nossas cidades, nossas crianças, pelo Hezbollah e o Hamas. Os soldados da força de manutenção da paz da ONU não conseguiram impedir o contrabando desses armamentos. Os observadores europeus em Gaza evaporaram da noite para o dia. Portanto, se Israel simplesmente retirar-se dos territórios, a entrada dessas armas num futuro Estado palestino não terá nenhum controle. Os mísseis lançados dali podem atingir virtualmente qualquer residência em Israel em menos de um minuto. Gostaria que os senhores pensassem nisso, também. Imaginem que exatamente agora todos nós tivéssemos menos de 60 segundos para encontrar um abrigo e nos protegermos contra um foguete que está chegando. Os senhores viveriam dessa maneira? Bem, nós não vamos viver dessa maneira, também.

 

A verdade é que Israel precisa de acordos de segurança singulares por conta do seu tamanho singular. Israel é um dos menores países do mundo. Senhor vice-presidente, eu lhe asseguro. Ele é maior do que Delaware. É até maior do que Rhode Island. Mas é só isso. Israel baseada nas fronteiras em 1967, seria metade da largura do Cinturão de Washington.

 

Agora, um pouco de nostalgia. Vim pela primeira vez a Washington há 30 anos, como um jovem diplomata. Demorou um tempo, mas finalmente eu entendi: existia uma América além desse Cinturão. Mas Israel, dentro das fronteiras de 1967 teria apenas 14 quilômetros de largura. Demais para ter alcance estratégico.

 

Portanto é absolutamente vital para a segurança de Israel que o Estado palestino seja totalmente desmilitarizado. E é vital que Israel mantenha uma presença militar ao longo do rio Jordão. Acordos de segurança sólidos são necessários, não apenas para proteger a paz, mas para proteger Israel em caso dessa paz ser desfeita. Pois na nossa instável região, ninguém pode garantir que nossos parceiros na paz, hoje, estarão lá amanhã.

 

E quando eu digo "amanhã", não falo de um futuro distante. Quero dizer: amanhã. A paz pode ser alcançada somente na mesa de negociação. A tentativa palestina de impor um acordo através das Nações Unidas não propiciará a paz. Isso deve ser rejeitado firmemente por todos aqueles que desejam ver o fim desse conflito.

 

Agradeço a posição clara do presidente sobre este assunto. A paz não pode ser imposta. Deve ser negociada. Mas só pode ser negociada com parceiros comprometidos com a paz.

 

E o Hamas não é um parceiro para a paz. O Hamas continua comprometido com a destruição de Israel e o terrorismo. Eles têm um programa, que não só requer a destruição de Israel, mas diz "mate judeus onde quer que os encontre". O líder do Hamas condenou o assassinato de bin Laden e o elogiou como um santo guerreiro. Agora, de novo, quero deixar isto claro: Israel está disposto a sentar-se hoje e negociar a paz com a Autoridade Palestina. Acredito que conseguiremos construir um brilhante futuro de paz para nossos filhos. Mas Israel não negociará com um governo palestino apoiado por uma versão palestina da Al-Qaeda.

 

Portanto, eis o que digo ao presidente Abbas: rasgue o seu pacto com o Hamas! Sente-se à mesa e negocie! Faça a paz com o Estado judeu! E se assim o fizer, prometo-lhe isto: Israel não será o último país a dar as boas vindas a um Estado palestino como um novo membro das Nações Unidas. Será o primeiro.

 

Meus amigos, os processos memoráveis do século passado e os eventos que se desenrolam neste século confirmam o papel decisivo dos Estados Unidos na promoção da paz e na defesa da liberdade. A Providência confiou aos Estados Unidos o papel de guardião da liberdade. Todas as pessoas que anseiam por liberdade têm uma profunda dívida de gratidão para com esta grande nação. E entre as nações mais gratas está a minha nação, o povo de Israel, que lutou pela sua liberdade e sobreviveu a situações impossíveis, em épocas antigas e modernas.

 

Falo em nome do povo judeu e do Estado judeu quando digo a vocês, representantes da América, muito obrigado. Agradeço o seu apoio firme a Israel. Obrigado por garantir que a chama da liberdade continue brilhando em todo o mundo. Deus abençoe a todos vocês. E que Deus abençoe sempre os Estados Unidos da América.

 

Saiba mais:linkLeia a íntegra do discurso em inglês, no site do governo israelense

 

Tradução: Terezinha Martino/ edição: Gabriel Toueg

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