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Liberação de armas para Guarda de Abbas criam polêmica em Israel

O fornecimento de armas à Guarda do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas cria polêmica

Por Agencia Estado
Atualização:

O fornecimento de armas à Guarda do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que deseja aumentar para 10 mil o seu contingente, devido ao conflito com o primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, do Hamas, causa inquietação em círculos militares de Israel. O jornal Ha´aretz informa hoje que Israel, segundo a oposição, vai assumir "um risco desproporcionado" se permitir a dotação de armas a uma corporação deste porte. Abbas, aparentemente, conta com o respaldo dos Estados Unidos na sua iniciativa. Os críticos acham que "o armamento vai acabar chegando nas mãos dos terroristas". Os EUA, cujo Governo vê com reservas o "plano de convergência" do primeiro-ministro Ehud Olmert, que prevê uma retirada unilateral da Cisjordânia, obedecendo a uma fronteira imposta por Israel, está interessado em destravar o processo de paz. Para isso, conta com Abbas, que enfrenta o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, pois o Hamas não reconhece a legitimidade do Estado isarelense. Olmert e o seu ministro da Defesa, Amir Peretz, temem um atentado contra a vida de Abbas. Por isso, autorizaram a compra de armas da Jordânia para a Guarda Presidencial, que conta com 1.500 a 2 mil homens. A autorização vazou para a imprensa esta semana. A notícia causou indignação na "Muqata" de Abbas, que corre o risco de ficar com a imagem de "colaboracionista" e que neste sábado rejeitou uma proposta para se reunir com Peretz. Os críticos à liberação, aparentemente concentrados nas Forças Armadas e nos serviços secretos, lembram que após os acordos de Oslo (1993) Israel armou, a pedido de Yasser Arafat, uma força policial com 18 mil homens. Na época, a justificativa era neutralizar os extremistas que agiam em Gaza e Cisjordânia. Eles acusavam Arafat de "traidor" por reconhecer o Estado israelense. Em 1993, as armas foram transferidas pelo Governo do ex-primeiro-ministro trabalhista Yitzhak Rabin. Exposto a uma forte oposição da direita ultranacionalista, ele foi assassinado em 1995 por um sionista religioso radical, em Tel Aviv. Atualmente, os órgãos de segurança palestinos somam 70 mil homens. Os últimos 20 mil foram incorporados antes das eleições legislativas de janeiro, vencidas pelo Hamas. A informação hoje sobre os supostos planos de Abbas para ampliar sua guarda e seu controle na faixa de Gaza, é um elemento a mais no já problemático "diálogo nacional" iniciado por militantes do Hamas e do Fatah para tentar acabar com os confrontos entre as milícias dos dois lados. Na quinta-feira, Abbas deu um prazo de 10 dias a Haniyeh para reconhecer Israel e retomar as negociações de um estado palestino independente. O ultimato vence dentro de oito dias. Abbas, aceito por Israel, ameaça convocar um referendo público se continuarem as divergências com Haniyeh e o Hamas. O "diálogo nacional" levou à criação de um comitê conjunto para debater o "plano de paz dos prisioneiros" que estabelece as condições para o reconhecimento de Israel. Entre elas, a retirada da Cisjordânia, a libertação de 8.500 "presos de segurança" e a permissão para o retorno dos refugiados palestinos, cerca de 4 milhões segundo a ONU. A exigência de Abbas a Haniyeh "é ilógica, contradiz o resultado das eleições de janeiro, e é anticonstitucional", afirmou o deputado Sami Abu Zuhori, porta-voz do Hamas, em Gaza. Após retirar ontem da Cidade de Gaza sua "força de apoio" para evitar choques armados com o Fatah, Haniyeh mudou de idéia. A tropa voltou às ruas a "pedido do povo", e aparentemente por pressão da liderança do Hamas exilada na Síria.

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