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Liberdade de Karadzic põe Otan em xeque

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ocidente conseguiu a extradição do líder iugoslavo, Slobodan Milosevic. Contudo, outros criminosos ainda estão em liberdade e escapam às redes estendidas em torno deles pelas polícias e tropas aliadas. O mais "ilustre" entre esses "impossíveis de serem capturados" é, incontestavelmente, Osama bin Laden, talvez morto, ou ainda vivo em uma caverna, ou em alguma tribo do Paquistão. Bin Laden - cuja figura chega às raias do mito em grande parte da Ásia. Mas, na Europa, há outro criminoso, procurado há quatro anos: Radovan Karadzic. Os soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) parecem incapazes de pôr as mãos nele. É o ex-chefe da fétida guerra servo-bósnia, personagem não muito agradável, sangüinário, brutal e que está sendo perseguido por "genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade". Existe a quase certeza de que Karadzic se encontra na região. Por duas vezes, nas últimas semanas, fechou-se o cerco em torno dele: no dia 28 de fevereiro, pelos soldados norte-americanos, e no dia 1º de março, por agentes franceses e alemães. Nas duas ocasiões, os soldados nada encontraram. Karadzic desapareceu! Quem teria avisado Karadzic no último momento e quem teria protegido sua fuga? A Iugoslávia está cheia de rumores. Inicialmente, a suspeita de ter alertado e salvado Karadzic recaiu sobre um oficial francês. O jornal The Times , de Londres, afirmou isso. Essa acusação não causa espanto. Os anglo-saxões estão convencidos de que uma parte dos oficiais franceses, saudosa da extremamente obsoleta Aliança Franco-Sérvia, sabotou sempre as operações da Otan contra as diversas províncias iugoslavas. A França e a Otan desmentiram a acusação. E os documentos apresentados contra o oficial francês não são convincentes. Há outras pistas. A mais freqüente evoca os jogos cruzados e inexplicáveis dos diferentes serviços de segurança e de espionagem - franceses, alemães e norte-americanos, que - na opinião de algumas pessoas -, seriam habilmente manipulados pelos policiais da Sérvia. Além disso, da mesma forma como entre o Paquistão e o Afeganistão se estendeu uma "zona tribal" absolutamente impenetrável aos ocidentais, há também na ex-Iugoslávia a fronteira de Montenegro, repleta de militantes da resistência nacionalista, recrutados no seio da polícia de fronteira, e também entre os caminhoneiros ou no ramo dos serviços públicos. Os ocidentais mobilizados para controlar essas regiões são incessantemente observados por estranhos trabalhadores que consertam uma estrada inútil, que fingem estar fazendo algum serviço debaixo de um caminhão e que aparentemente estão equipados com telefones supereficientes capazes de alertar uma região inteira. Portanto, não deve causar surpresa que, baseado em grande parte nas informações provenientes dessas zonas, Karadzic teria encontrado refúgio em Montenegro, fora do alcance dos soldados da Aliança Atlântica. Finalmente, não se descarta que o poder atual de Belgrado, ou seja, de Vojislav Kostunica, que derrubou o tirano Slobodan Milosevic (atualmetne submetido a processo em Haia), proteja secretamente os que dão asilo, abrigo e apoio logístico ao criminoso de guerra Radovan Karadzic. Belo paradoxo: Kostunica derrubou o poder despótico de Milosevic, responsável por todos os genocídios destes últimos dez anos. Kostunica é sinceramente democrata e deseja abrir seu país ao mundo livre. Sim, mas Kostunica é igualmente um "nacionalista" apaixonado. Jamais ele ocultou que absolutamente não lhe agrada que cidadãos iugoslavos, mesmo que sejam criminosos, compareçam perante a Justiça internacional.

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