Líbia aconselha cidadãos a não ir para a Suíça

Trípoli teme ?humilhação? em meio à tensão por prisão do filho de Kadafi

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Por Associated Press e Trípoli
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O Ministério de Relações Exteriores da Líbia aconselhou ontem seus cidadãos a não viajar para a Suíça para evitar "medidas arbitrárias" e "humilhação" por parte das autoridades suíças. Os dois países vivem um clima de tensão desde a breve detenção, em Genebra, de Hanibal Kadafi, um dos filhos do líder líbio, Muamar Kadafi. Em um comunicado divulgado em seu site na internet, a chancelaria líbia disse que as autoridades suíças têm demonstrado "falta de respeito" e adotado duras medidas não só contra líbios, mas também contra outros árabes. Hanibal Kadafi e sua mulher, Aline, grávida, foram detidos no dia 15, acusados de agredir dois empregados, uma tunisiana e um marroquino. O casal, que nega as acusações, foi libertado dois dias depois, após pagar uma fiança de US$ 450 mil. Hanibal e Aline haviam viajado a Genebra para que o parto fosse feito em uma clínica suíça. Uma filha de Kadafi, Aisha, que é advogada, foi a Genebra para obter a libertação do irmão e da cunhada. Aisha alertou que a Líbia adotaria a política do "olho por olho, dente por dente". As detenções provocaram represálias do governo de Trípoli, que suspendeu o fornecimento de petróleo para a Suíça, proibiu os navios de bandeira suíça de atracar em portos líbios, ordenou o fechamento dos escritórios de várias sociedade suíças na Líbia e prendeu dois cidadãos suíços, executivos de multinacionais. Trípoli também ameaçou fechar as contas líbias nos bancos suíços e romper as relações diplomáticas bilaterais se não forem apresentadas desculpas formais. Na quinta-feira, um porta-voz do governo suíço reconheceu a existência de uma crise, mas disse que ela foi provocada pela Líbia. Os dois suíços detidos pela Líbia e acusados de imigração ilegal foram libertados ontem sob fiança e seguiram para a Embaixada da Suíça em Trípoli. Segundo o governo suíço, os dois executivos foram mantidos em condições deploráveis, compartilhando uma cela com outros 20 prisioneiros, e não tiveram acesso à proteção consular. Apesar de não ser a primeira vez que um dos filhos do líder líbio causa problemas na Europa, a atual crise não tem precedentes. O Ministério de Relações Exteriores da Suíça disse que mantém seus esforços para reduzir as tensões com a Líbia, que durante anos foi tratada como pária e acusada de abrigar terroristas.

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