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Líbia assume Comissão de Direitos Humanos da ONU

Por Agencia Estado
Atualização:

A Líbia começou nesta segunda-feira sua controversa gestão à frente da Comissão de Direitos Humanos da ONU criticando duramente Israel, em meio à iminência de uma guerra no Iraque. Há tempos se duvida de que a comissão possa cumprir seus objetivos durante as seis semanas de reuniões que tem pela frente, e muitos governos solicitaram a convocação de um debate especial sobre o Iraque. "Estamos a ponto de sermos postos à prova", disse o alto comissário das Nações Unidas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. "Nosso mundo frágil necessita de nossa orientação. Nós... lhe daremos essa orientação, ou deixaremos que o caos reinante lá fora adentre este recinto?". Indicou que a reunião não se deve esquecer de outros importantes temas de direitos humanos, incluindo o da epidemia de aids, a situação em Israel e nos territórios palestinos, e o direito à democracia e ao Estado de Direito. A Líbia foi designada em janeiro para a presidência da Comissão de Direitos Humanos este ano, apesar da oposição dos EUA, que se declararam horrorizados pelo fato de um país com uma trajetória tão pobre em direitos humanos poder presidir o organismo que censura os que cometem abusos. A ministra líbia Najat Al-Hajjaji disse, ao abrir a sessão, que esperava representar os 53 membros da comissão e os Estados observadores. Mas acrescentou que o povo palestino "continua sendo humilhado, assassinado, dizimado e privado de seu direito à autodeterminação". Al-Hajjaji negou que a declaração possa comprometer sua neutralidade como presidente da comissão, lembrando que o órgão vem apoiando a cada ano o direito dos palestinos à autodeterminação. O grupo defensor da liberdade de imprensa Repórteres sem Fronteiras foi suspenso da comissão de assessoria depois que seis de seus membros lançaram panfletos durante o discurso de Al-Hajjaji, nos quais condenava a designação da Líbia, qualificando-a como uma "bela piada". A comissão examina os abusos de direitos humanos que vão da tortura aos assassinatos, até o fracasso dos governos em assegurar alimentação, moradia e educação adequadas a suas populações. Os EUA afirmam que 19 dos 53 países da comissão têm um histórico de desrespeito aos direitos humanos. Entre eles, Washington cita Líbia, Zimbábue, Congo, Sudão, Síria, Arábia Saudita e Vietnã.

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