18 de março de 2011 | 17h56
TRÍPOLI - O vice-ministro de Exteriores da Líbia, Khaled Kaaim, anunciou nesta sexta-feira, 18, que seu tomou a decisão de convidar observadores internacionais para verificar o cessar-fogo declarado pelo governo. A trégua foi decretada após o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovar uma resolução contra o país.
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"Convidamos o secretário-geral da ONU a enviar uma missão de verificação", disse o vice-chanceler. A equipe, segundo ele, também verificaria os "crimes perpetrados pela oposição". De acordo com fontes do governo, Malta, Turquia, Alemanha e China também foram convidados.
A decisão ainda não obedece todas as condições exigidas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, para que não haja uma intervenção militar. São elas, além do cessar-fogo completo e imediato, o fim de todos os ataques contra os opositores, a retidada das tropas de Benghazi, Misrata, Ajdabiya, Az-Zawyia e o restabelecimento do fornecimento de gás, e petróleo em todas as áreas do país. Segudo Obama, "esses termos não são negociáveis".
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Kaaim afirmou também que a Força Aérea Líbia está sem operar há dois dias e que o exército do ditador Muamar Kadafi está fora de Benghazi e que não há planos para que as forças armadas invadam a cidade, o principal reduto dos rebeldes que querem derrubar o governo. "Não haverá ação militar, grande ou pequena", disse.
Apesar das declarações, há relatos do canal árabe Al-Jazira de que as tropas do governo estariam a apenas 50 quilômetros do local. O diplomata afirmou que a posição das tropas não fere o cessar-fogo decretado nesta sexta. Os rebeldes de Benghazi estariam estão se mobilizando para enfrentar as forças de Kadafi, segundo a emissora.
O governo líbio mudou o tom desde que o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que prevê a instalação de uma zona de exclusão aérea (no-fly zone, em inglês) sobre a Líbia e "o uso de todos os meios necessários para proteger os civis líbios", mas não autoriza o envio de tropas para o país africano. O anúncio do cessar-fogo foi feito horas depois, mas ainda há relatos de batalhas entre os insurgentes e as tropas do ditador.
A rebelião na Líbia começou a pouco mais de um mês. Os rebeldes lutam para derrubar Kadafi, que está no poder há 41 anos, e acusam o ditador de massacrá-los com bombardeios. O número de mortes por conta da violência é desconhecido, mas mais de 300 mil pessoas já deixaram o país desde o início da guerra civil.
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