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Líder alemão diz que extrema direita não é fenômeno momentâneo

Analistas atribuem essa evolução à persistente penúria econômica do leste do país, onde a taxa de desemprego é o dobro da do oeste

Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe de governo do estado alemão da Saxônia-Anhalt, Georg Milbradt, disse nesta terça-feira que a extrema direita não é um "fenômeno momentâneo" e que o chamado "voto de castigo", que favorece esse tipo de partido, pode atingir um eleitorado estável. "Não devemos simplesmente esperar que isso seja apenas uma onda que, de repente, pode passar", disse o conservador Milbradt, que é líder de um dos três estados federados do leste da Alemanha em que a extrema direita tem cadeiras parlamentares. O Partido Nacional Democrático (NPD), de extrema direita, obteve nas eleições regionais do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no último domingo, 7,3% dos votos. Há dois anos, o partido conseguiu 9,2% dos votos na Saxônia-Anhalt. A presença desse partido nesses dois estados federados se soma à da União do Povo Alemão em Brandemburgo, no território da extinta República Democrática Alemã (RDA), e em Bremen, no oeste do país. No último domingo, também foram realizadas eleições regionais em Berlim, onde o NPD obteve 2,6% dos votos e ficou fora do Parlamento, embora tenha conseguido a representação em cinco conselhos de distritos, em sua maioria no leste. A ascensão da extrema direita em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental não foi uma surpresa, já que as pesquisas já previam o resultado. No entanto, as pesquisas de boca-de-urna demonstraram que, em sua grande maioria, o eleitorado do NPD é de eleitores novos. Os analistas atribuem essa evolução à persistente penúria econômica do leste do país, onde a taxa de desemprego é o dobro da do oeste, assim como à falta de perspectiva de trabalho e de incentivos para a juventude dessa parte da Alemanha. Todos os partidos democráticos disseram estar preocupados com esse novo avanço e a chanceler Angela Merkel, que foi criada em Mecklemburgo e hoje é presidente da União Democrata-Cristã (CDU), qualificou-o de "extraordinariamente preocupante". O Conselho Central dos Judeus da Alemanha atribuiu na segunda-feira o avanço do NPD, tanto em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental como nos distritos de Berlim, a um fracasso da luta contra a extrema direita. A ministra da Família, Ursula von der Leyen, anunciou ontem, ao contrário do que foi inicialmente previsto por seu departamento, o prolongamento da ajuda às iniciativas cívicas que fazem programas de divulgação e lutam contra a extrema direita.

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