Líder branca é a surpresa de eleição sul-africana

Zuma será confirmado presidente após vitória arrasadora do CNA, mas Helen Zille, da Aliança Democrática, surge como alternativa com voto negro

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Por REUTERS , AP e AFP
Atualização:

Como indicavam as pesquisas, o Congresso Nacional Africano (CNA) venceu fácil as eleições sul-africanas e Jacob Zuma, líder do partido, será o novo presidente da África do Sul. No entanto, a grande surpresa foi a votação obtida pela Aliança Democrática (AD), partido branco liderado por Helen Zille, que se tornou a principal voz oposicionista do país. Ontem, com metade da apuração concluída, a AD havia obtido cerca de 16% dos votos - proporcionalmente mais do que a população branca do país, que é de 9%. O CNA liderava com mais de 66% e a questão era saber se Zuma conseguiria ou não a maioria de dois terços no Parlamento. A grande decepção foi o Congresso do Povo (Cope), partido fundado por dissidentes do CNA e amigos do ex-presidente Thabo Mbeki. Liderado pelo bispo metodista Mvume Dandala, o Cope obteve cerca de 8% dos votos, o bastante para ser apenas a terceira força política do país. Segundo analistas, outro fato marcante da eleição foi o desaparecimento dos pequenos partidos, o que seria o prenúncio de um bipartidarismo - ou tripartidarismo, se o Cope se firmar. Quem também desapareceu do mapa foi o Inkatha, partido nacionalista zulu, de Mangosuthu Buthelezi, que teve uma votação nacional insignificante e foi varrido até de seu reduto eleitoral, a Província de Kwazulu-Natal. ?GODZILLE? Política carismática e inovadora, Helen é prefeita de Cidade do Cabo e muito popular na Província de Western Cape. Jornalista e ativista antiapartheid, ela ganhou da imprensa sul-africana o apelido de "Godzille" por falar grosso com seus adversários. Em Western Cape, até ontem a AD havia obtido 49% dos votos, o suficiente para transformar Helen na nova governadora da província, que até então era dominada pelo CNA. "Temos de redesenhar o mapa político da África do Sul", disse ela logo após a divulgação dos primeiros resultados. "E é isso que pretendo fazer nos próximos cinco anos." De acordo com analistas, o crescimento da AD mostra que o partido pode se tornar, em breve, uma oposição viável ao CNA. Na primeira eleição democrática da África do Sul, em 1994, o partido obteve menos de 2% dos votos. Na última votação, em 2004, chegou a 12%. Desde que assumiu a AD, em 2007, Helen fez de tudo para expandir sua base eleitoral, e parece ter conseguido. De acordo com a comissão eleitoral sul-africana, o resultado final da apuração deve ser divulgado hoje ou amanhã. Ontem, porém, milhares de eleitores de Zuma saíram às ruas das principais cidades do país para comemorar a vitória do CNA. PARLAMENTO A oficialização de Zuma como presidente, contudo, deve levar mais algum tempo. É que a eleição na África do Sul é indireta. Ao votar nos partidos, os eleitores elegeram um Parlamento. O líder do partido mais votado será homologado presidente.

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