Líder da Irmandade Muçulmana é preso no Egito

Apoiadores do presidente deposto, Mohamed Morsi, convocaram manifestaçãoes para esta sexta-feira

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

CAIRO - O líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, foi preso nesta quinta-feira, 4, na cidade de Marsa Matrouh, no Egito, como parte da repressão ao movimento islâmico depois que do golpe militar que destituiu o primeiro presidente livremente eleito na história do país.

PUBLICIDADE

Badie, junto com seu adjunto, Khairat el-Shater, são acusados de incitar a violência contra manifestantes que estavam em frente à sede da Irmandade, no Cairo, atacada na noite de sábado. A Irmandade negou a prisão.

A dramática deposição de Mohamed Morsi foi celebrada por milhões de pessoas durante a noite nas ruas do Cairo e outras cidades, mas entre os egípcios que se opuseram ao golpe militar há um clima de ressentimento.

Aparentemente ciente dos riscos da polarização social, o presidente interino, Adli Mansour, usou seu discurso de posse para fazer um aceno pacífico à Irmandade, base política de Morsi. "A Irmandade Muçulmana é parte deste povo e está convidada a participar da construção da nação, já que ninguém será excluído, e se eles responderem ao convite serão bem-vindos."

Um funcionário da Irmandade disse, no entanto, que o grupo não irá trabalhar com "autoridades usurpadoras". Outro político do movimento afirmou que a derrubada de Morsi levará outros grupos - mas não a Irmandade - à resistência violenta.

A deposição de Morsi, que passou um ano no cargo, marca uma nova reviravolta na crise que envolve a mais populosa nação árabe desde a revolução popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak, em janeiro de 2011.

Logo antes da posse de Mansour, caças da Força Aérea realizaram sobrevoos, como que num lembrete do papel dos militares na atual situação. A manobra, envolvendo dezenas de aviões, foi repetida ao entardecer.

Publicidade

Confrontos. Pelo menos 14 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos nas ruas de todo o Egito na quarta-feira e emissoras de TV simpáticas a Morsi foram tiradas do ar. O presidente deposto está sob custódia militar, segundo fontes do Exército e da Irmandade.

Em frente à Corte Constitucional, onde Mansour tomou posse, o engenheiro Maysar el-Tawtansy, de 25 anos, resumia o estado de espírito dos egípcios que elegeram Morsi em 2012 e se opunham à intervenção militar. "Fizemos fila durante horas na eleição e agora nossos votos são anulados", disse ele. "Não se trata da Irmandade, trata-se do Egito. Retrocedemos 30, 60 anos. Agora os militares governam de novo. Mas a liberdade irá prevalecer."

Um governo interino tecnocrata será formado, junto a um painel para a reconciliação nacional, e a Constituição será revisada. Mansour disse que novas eleições parlamentares e presidenciais serão realizadas, mas não especificou uma data.

O liberal Mohamed ElBaradei, ex-chefe da agência nuclear da ONU, disse que o plano irá "continuar a revolução" de 2011.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cujo governo fornece US$ 1,3 bilhão por ano aos militares egípcios, expressou preocupação com a derrubada de Morsi e pediu rápido retorno a um governo civil democraticamente eleito. Obama, no entanto, não classificou a ação das Forças Armadas como golpe militar, o que poderia bloquear a ajuda dos Estados Unidos./ REUTERS

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.