Líder da oposição de Uganda não consegue voltar ao país

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Por AE
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O principal líder oposicionista de Uganda, Kizza Besigye, foi expulso de um avião que partiu do Quênia hoje, gerando um pequeno protesto rapidamente dispersado pela polícia com gás lacrimogêneo. A confusão ocorre um dia antes o presidente ugandense, Yoweri Museveni, no poder há 25 anos, assumir um novo mandato.Um líder do partido de Besigye disse que o político da oposição não voltará a Uganda até sexta-feira. A Kenya Airways informou que Besigye não teve autorização para ficar a bordo porque a companhia soube que a aeronave não receberia autorização em Uganda para pousar se ele estivesse nela. Em Uganda, porém, o ministro da Informação, Kabakumba Matsiko, disse ao Parlamento que o governo não impediu o retorno de Besigye, mas o ex-presidente queniano Daniel Arap Moi estava no avião e não queria Besigye nele. O ex-presidente estava viajando a Uganda para a posse na quinta-feira.Um porta-voz de Moi, Lee Njiru, disse que o ex-presidente não tinha qualquer poder para dizer quem deve embarcar em um voo. "Ele não tem nada a ver com isso. É uma declaração irresponsável", disse Njiru.No mês passado, marchas contra o governo lideradas por Besigye foram a ameaça mais séria na África subsaariana aos regimes, desde o início dos protestos contra governos no Egito e na Tunísia. O grupo Human Rights Watch afirmou que as forças de segurança de Uganda mataram nove pessoas durante protestos.Museveni chegou ao poder em 1986 e foi reeleito em fevereiro. Ele disse várias vezes que o novo governo não irá ceder aos protestos. Já Besigye disse que a Constituição do país garante seu direito de voltar.A Kenya Airways afirmou, em comunicado, que Besigye teve a entrada negada por "fontes internas de inteligência", segundo as quais a aeronave não teria permissão para pousar se ele estivesse a bordo. A companhia informou que Besigye não pôde embarcar para que outros passageiros não tivessem inconvenientes.Besigye ficou em segundo na disputa eleitoral. Ele já foi preso cinco vezes por liderar protestos contra a corrupção no governo e os crescentes preços. Um membro do Parlamento queniano, Charles Kilonzo, acusou o governo do Quênia de atuar com Museveni para frustrar Besigye. Kilonzo disse que seu país trabalha com Museveni para sufocar a oposição em Uganda.Um porta-voz do governo queniano, Alfred Mutua, negou o envolvimento do governo. Em comunicado, Mutua notou que Besigye era livre para viajar, dentro ou fora do Quênia.Os preços de alimentos e combustíveis subiram bastante em Uganda nos últimos meses, incentivando os protestos contra o governo. Museveni disse que irá propor uma emenda constitucional para que manifestantes sejam presos por pelo menos seis meses, e não liberados no mesmo dia após pagamento de fiança. As informações são da Associated Press.

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