Líder da oposição do Zimbábue diz que tortura lhe deu força

Morgan Tsvangirai foi internado com traumatismo craniano depois de ser preso e torturado pela polícia quando se preparava para um protesto contra o governo

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Por Agencia Estado
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O principal líder da oposição Morgan Tsvangirai disse nesta sexta-feira, 16, que "militará até que o Zimbábue esteja livre". Na última terça-feira, ele foi internado com traumatismo craniano depois de ser preso e torturado pela polícia no último domingo, quando se preparava para um ato pacífico de protesto contra o governo zimbabuano. O líder Movimento pela Mudança Democrática (MDC) sugeriu que a comunidade internacional mantenha a pressão sobre o governo do presidente Robert Mugabe. Os médicos do hospital onde o oposicionista foi internado suspeitam que ele tenha sofrido traumatismo craniano, lesão cerebral e hemorragia interna. No domingo, Tsvangirai teve sua cabeça empurrada contra a parede repetidas vezes quando estava preso, segundo ele. O líder, de 54 anos, saiu do hospital nesta sexta. "Sim, eles destruíram minha carne, mas nunca destruirão meu espírito. Militarei até que o Zimbábue esteja livre", escreveu Tsvangirai ao jornal britânico The Independent. Tsvangirai estava entre os cerca de 40 feridos pela polícia durante a manifestação pacífico da semana passada, em Harare, na capital zimbabuana. Um dos manifestantes recebeu ummtiro e morreu na hora. "Longe de destruírem meu espírito, as feridas que me foram brutalmente infligidas me deram forças. Não vejo nenhum martírio. Vejo apenas a liberdade para o povo do meu país viver com prosperidade", escreveu. Contra o regime Os Estados Unidos está entre os países que condenaram fortemente as prisões, ameaçando intensificar sanções contra o Zimbábue. No entanto a União Européia e a ONU alertam para que estas restrições afetem apenas os líderes do país. A Austrália, por sua vez, disse que líderes da União Africana precisam apoiar uma ação contra a repressão no Zimbábue. O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, disse, na última quinta, que não se importa com as declarações do Ocidente em relação à sua política governamental. "Esta crítica vem do Ocidente como sempre. Quando eles criticam o governo por tentar prevenir a violência dentro de seu país, nós temos que assumir nossa posição e descartar o que eles falam." Tsvangirai agradeceu aos diplomatas pelo apoio e ressaltou a necessidade do apoio internacional. "Precisamos da ajuda de todo o mundo", escreveu. "Vamos manter a pressão contra o regime." O crescente e intensa pobreza tem aumentado o descontentamento público. O Congresso de Associações Comerciais do Zimbábue (ZCTU, na sigla em inglês), cujo secretário-geral é Tsvangirai, anunciou que pretende realizar um novo protesto em abril. As críticas ao regime de Mugabe acusam o presidente de repressão e corrupção além de o incriminarem pela falta de comida e pela alta inflação do país, considerada a maior do mundo. Mugabe, de 83 anos, está no poder desde a independência do Zimbábue em 1980 e freqüentemente acusa o MDC de ser um partido financiado por países do Ocidente.

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