Líder da oposição ganha vaga no Parlamento em Mianmar, diz partido

Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi conquistou vaga em eleições realizadas neste domingo, segundo informações preliminares divulgadas pelo seu partido

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Por BBC Brasil
Atualização:

A líder de oposição e prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que passou duas décadas em prisão domiciliar, conquistou uma das vagas no Parlamento de Mianmar em eleições realizadas neste domingo.

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A informação foi divulgada pelo partido da líder - a Liga Nacional pela Democracia (LND). Segundo a sigla, ela foi eleita com ampla votação. A apuração dos votos ainda não acabou no país.

 

Este é o primeiro pleito desde 1990 em que Aung San Suu Kyi e seu partido puderam concorrer. Suu Kyi disputou uma vaga na Câmara Baixa do Parlamento pelo distrito de Kawhmu, na periferia da cidade de Rangoon. O seu partido - a Liga Nacional pela Democracia (LND) - concorre às 45 vagas abertas à disputa.

 

O pleito é visto como um teste fundamental das reformas políticas anunciadas pelo regime de Mianmar. Mas mesmo apesar da relativa abertura recente no país, o governo militar vai continuar predominando no cenário político.

 

Jornalistas e monitores internacionais estão podendo acompanhar as eleições e apurações dos votos com o maior grau de liberdade que já foi permitido pelo governo de Mianmar. A União Europeia (UE) sinalizou que está disposta a revogar algumas sanções que mantém contra o país, caso a eleição seja bem-sucedida.

 

"Nós esperamos que o dia todo transcorra de forma pacífica, e faremos uma avaliação mais tarde com base em todas as estações de votação que estamos vendo", disse o monitor da UE em Mianmar, Ivo Belet. Ministros das Relações Exteriores do bloco vão se reunir no dia 23 de abril em Bruxelas para discutir o assunto.

 

Além da União Europeia, há também representantes dos Estados Unidos e da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) no país.

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Neste domingo, houve algumas reclamações da oposição sobre a lisura do processo eleitoral. O porta-voz da Liga Nacional pela Democracia, Nyan Win, disse à agência de notícias AFP que enviou uma carta à comissão eleitoral reclamando sobre cédulas que teriam sido manipuladas.

 

"Isso está acontecendo em todo o país. A comissão eleitoral é responsável pelo que está acontecendo", disse ele.

 

Abertura política

 

O regime de Mianmar era visto como um dos mais fechados do mundo, e era alvo de acusações de violação de direitos humanos.

 

Mas desde 2010, quando começou uma transição de poder com a chegada de uma geração mais jovem de líderes, o governo impressionou observadores internacionais com o ritmo da abertura política.

 

A maioria dos prisioneiros políticos foi solta, restrições à imprensa foram aliviadas e Suu Kyi e a LND puderam retornar à cena política. Eles estavam ausentes desde 1990, quando o partido venceu as eleições gerais, mas foi impedido de assumir o governo pelos militares.

 

Suu Kyi passou 20 anos em prisão domiciliar. Em 2010, quando obteve permissão para concorrer em eleições, ela se recusou, por entender que o processo não seria democrático. A decisão provocou novas reformas que culminaram no pleito realizado neste domingo.

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A ativista afirma que o processo não é "genuinamente livre e justo" e que as reformas adotadas até agora não são irreversíveis, mas que mesmo assim o seu partido não se arrepende da decisão de concorrer.

 

A LND é um entre 17 partidos de oposição que estão participando da eleição. Apenas uma parcela das vagas do Parlamento está em disputa, e a sigla governista manterá seu predomínio na Casa.

Suu Kyi, que tem 66 anos, disse que a política sofreu de exaustão, e que na semana passada precisou interromper sua campanha para cuidar da sua saúde.

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