30 de novembro de 2019 | 00h51
A líder da oposição peruana Keiko Fujimori saiu da prisão na noite desta sexta-feira, 29, após ficar detida por mais de um ano enquanto aguardava julgamento por suspeitas de corrupção ligadas à construtora Odebrecth.
Fujimori, líder do poderoso partido de direita Força Popular, deixou a prisão no distrito de Chorrillos, na capital Lima, e foi recebida por centenas de apoiadores e por seu marido, que carregava flores e balões. O Tribunal Constitucional do país, a mais alta corte do Peru, havia ordenado sua libertação na última segunda-feira, 25.
"Vivi o momento mais doloroso da minha vida", disse Fujimori a repórteres, acrescentando que a decisão de libertá-la "corrigiu um processo cheio de abuso e arbitrariedade".
Os promotores alegam que ela liderou uma organização criminosa e recebeu milhões de dólares da Odebrecht, que está no centro de um escândalo de corrupção em toda a região. Fujimori nega as acusações.
Fujimori é filha do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, que cumpre uma sentença de 25 anos por crimes de violação de direitos humanos e corrupção. Sua libertação ocorre quando o Peru se prepara para as eleições legislativas em janeiro, depois que o presidente Martin Vizcarra dissolveu o Congresso em meio a uma batalha com os parlamentares da oposição por causa de sua campanha anticorrupção.
O partido de Keiko Fujimori havia conquistado maioria no Congresso antes de sua dissolução. O amplo escândalo da Odebrecht varreu a política peruana. No início deste ano, o ex-presidente Alan Garcia se matou para evitar ser preso na investigação.
Vários outros ex-presidentes também estão sob investigação. Fujimori, que ainda enfrenta um eventual julgamento das acusações de corrupção, disse que continuaria a cooperar com o judiciário do Peru. Ela acrescentou que procuraria passar um tempo com sua família antes de tomar decisões sobre outros planos.
"Mais tarde vou decidir o que farei na segunda fase da minha vida", disse ela. "Tive a oportunidade de refletir e também perceber que houve coisas que eu poderia ter feito melhor."/Reuters
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.