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China ameaça intervir, mas manifestantes de Hong Kong seguem entrincheirados em universidade

Bloqueio da Universidade Politécnica é o confronto mais longo e violento com a polícia desde o início dos protestos; para chefe do Executivo local, não resta opção a não ser a rendição

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Por Redação
Atualização:

HONG KONG - Dezenas de manifestantes pró-democracia permanecem entrincheirados na Universidade Politécnica (PolyU) de Hong Kong nesta terça-feira, 17, apesar das ameaças de intervenção cada vez mais explícitas do governo da China.

Mesmo após as ameaças da China, muitos estudantes continuam no campus da PolyU, que fica na área de Kowloon Foto: Nicolas Asfouri / AFP

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O bloqueio da PolyU, iniciado no domingo, é o confronto mais longo e violento com a polícia desde o início dos protestos, em junho, na ex-colônia britânica.

Muitos estudantes continuam no campus, que fica na área de Kowloon. Eles temem a detenção por parte das forças policiais. Alguns manifestantes conseguiram sair na segunda-feira do campus deslizando em cordas por uma passarela e fugindo, em seguida, de moto.

O destino dos entrincheirados na PolyU provoca uma comoção no movimento pró-democracia de Hong Kong, ex-colônia britânica que enfrenta a crise política mais grave desde que retornou à soberania chinesa em 1997.

Milhares de pessoas protestaram na segunda-feira em Kowloon para tentar reduzir a pressão na PolyU e criar outro foco de atenção da polícia, que já anunciou que pode usar munição letal contra os manifestantes.

Chefe do Executivo diz que não há outra opção a não ser a rendição

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, eleita por um comitê favorável a Pequim, afirmou nesta terça que pouco mais de 100 manifestantes permanecem no campus universitário.

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Carrie falou pela primeira vez sobre a situação e disse que não resta outra escolha aos manifestante a não ser a rendição.

"Este objetivo só pode ser alcançado com a plena cooperação dos manifestantes e sobretudo dos amotinados, que têm que acabar com a violência, entregar as armas e sair pacificamente, escutando as instruções da polícia", advertiu.

Ela também prometeu que os menores de idade que se entregarem não serão detidos, enquanto os maiores poderão ser condenados a até 10 anos de prisão. Mesmo assim, Carrie destacou que espera que o embate entre a polícia e os manifestantes possa resolvido de maneira pacífica.

"Mesmo se nos entregarmos, seremos presos", disse um estudante de mecânica. "Querem dar a impressão de que temos duas opções, mas só existe uma, a prisão."

China afirma que é única autoridade sobre Constituição de Hong Kong

O Congresso chinês é a única autoridade que pode decidir sobre a Constituição de Hong Kong, afirmou nesta terça um de seus porta-vozes, em uma crítica aberta ao tribunal do território que julgou inconstitucional a proibição do uso de máscaras nas manifestações.

Chefe do Executivo de Hong Kong prometeu que os menores de idade que se entregarem não serão detidos, enquanto os maiores poderão ser condenados a até 10 anos de prisão Foto: Ye Aung Thu / AFP

"A decisão da Alta Corte de Hong Kong fragiliza gravemente a capacidade de governar por parte dos chefes do Executivo local", disse Jian Tiewei, porta-voz da Comissão de Assuntos Legislativos do Congresso chinês, segundo a imprensa estatal.

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Para Tiewei, apenas o Congresso chinês tem poder para determinar se uma decisão está ou não de acordo com a Lei Básica, título oficial da Constituição de Hong Kong.

Fase mais radical

O movimento de protesto começou em junho com críticas a um projeto de lei, depois abandonado, que autorizaria extradições à China continental. 

Desde então os manifestantes ampliaram as reivindicações para exigir reformas democráticas e uma investigação sobre a violência policial. Cerca de 4,5 mil pessoas foram detidas em cinco meses e meio.

Na semana passada, a crise entrou em uma nova fase, mais radical, com a adoção pelos manifestantes da estratégia batizada de "Blossom Everywhere" (Eclosão em todos os lugares), que consiste em multiplicar as bloqueios e os atos de vandalismo para testar a capacidade da polícia. / AFP e REUTERS

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