21 de março de 2009 | 07h03
O mais importante líder religioso do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse neste sábado, 21, que não vê mudança na atitude dos Estados Unidos para com seu país. Segundo a BBC, o líder supremo iraniano afirmou também que o Irã está disposto a mudar se o presidente americano Barack Obama alterar sua posição.
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Em uma mensagem de vídeo sem precedentes dirigida aos iranianos, Obama ofereceu um "novo começo" nas relações dos Estados Unidos com o Irã. A mensagem tinha legendas em farsi e foi enviada no dia em que se comemora o feriado de primavera e o ano-novo (Nowruz) no Irã. As relações entre os dois países foram cortadas quase 30 anos atrás, quando militantes xiitas tomaram a Embaixada dos EUA em Teerã, mantendo mais de 50 pessoas reféns por 444 dias. Segundo a BBC, a atitude de Obama foi vista como uma mudança dramática das políticas da administração de George W. Bush, que descrevia o Irã como parte do "eixo do mal".
"Nós não temos experiência com o novo governo americano e o novo presidente. Nós observaremos e julgaremos", disse o aiatolá em um discurso ao vivo na televisão iraniana. "Se você mudar sua atitude, nós mudaremos nossa atitude." Ele disse, no entanto que o Irã ainda não viu nenhuma mudança. "Nós não enxergamos nenhuma mudança. Qual a mudança em sua política?", perguntou Khamenei. "Você removeu sanções? Você parou de apoiar o regime sionista? Diga-nos o que você mudou. Mudança apenas nas palavras não é suficiente."
As palavras de Khamenei seguem a linha das declarações de um conselheiro do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que disse na sexta-feira que o governo americano precisa rever seu apoio a Israel e acabar com as sanções contra o Irã. Há décadas, os iranianos queixam-se da intervenção de Washington em uma série de questões iranianas - do apoio americano ao golpe de Estado de 1953 (que restituiu o poder à dinastia Pahlevi) à derrubada, em 1988, de um avião civil iraniano por um navio de guerra americano estacionado no Golfo Pérsico.
O Irã também se ressente do apoio de Washington a Bagdá durante a guerra entre Irã e Iraque, nos anos 80, como também ao movimento Mujahedin do Povo, grupo formado por dissidentes iranianos exilados no Iraque - que deu informações sobre o programa nuclear iraniano.
O Irã foi alvo de três resoluções votadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabeleceram sanções pela recusa do país em suspender o enriquecimento de urânio. As sanções atingem as atividades empresariais da Guarda Revolucionária - unidade de elite das Forças Armadas do Irã que provê a segurança do regime teocrático e administra de indústrias militares a entidades bancárias.
O Irã diz que enriquece o urânio em baixos níveis, apenas para produzir combustível para seus reatores nucleares produzirem energia elétrica. Mas o domínio da tecnologia atômica para fins pacíficos, teoricamente, capacita o país a produzir também armamento atômico. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, chegou a anunciar, semanas atrás, que o Irã já teria alcançado quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para a fabricação de pelo menos uma bomba nuclear.
(Com The New York Times)
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