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Líder do Irã diz que negociadores têm limites para concessões em Genebra

Conversas foram retomadas hoje; impasses envolvem enriquecimento de urânio e reator de plutônio

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Por Redação
Atualização:

TEERÃ - O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quarta-feira, 20, em discurso para a milícia Basij - ligada à Guarda Revolucionária e à linha dura do regime - que os negociadores que discutem hoje em Genebra um acordo nuclear com as potências ocidentais têm limites para as concessões que poderão fazer. Segundo o clérigo xiita, o Irã não abrirá mão de seus direitos nucleares, uma referência ao enriquecimento de urânio em suas usinas atômicas.

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Khamenei prometeu não interferir  nos detalhes das negociações, no que foi interpretado como um apoio à estratégia do presidente Hassan Rohani de barganhar com o Ocidente para amenizar as sanções econômicas impostas pela comunidade internacional, mas ressaltou que o principal objetivo do país é “estabilizar os direitos do Irã, incluindo os direitos nucleares”.

“Há limites e esses limites devem ser observados. Orientamos as autoridades  a respeitá-los e eles não devem temer a reação dos inimigos”, discursou Khamenei.

O aiatolá ainda fez críticas ao governo americano, apesar de ressaltar que o Irã busca relações amistosas com Washington e outros países. “Em vez de nos ameaçar, consertem sua devastada economia, para que o seu governo não feche por duas semanas. Paguem suas dívidas”, disse, em referência à crise fiscal que paralisou o governo americano no mês passado.

O processo de enriquecimento de urânio e o tipo de tecnologia usado em um dos reatores iranianos são os principais pontos de impasse entre os dois lados da negociação. Existem três níveis de produção de combustível nuclear: com urânio enriquecido com 4% de material radioativo, usado na produção de energia elétrica; a 20%, tecnologia destinada a pesquisas com isótopos médicos e 90%, tecnologia que pode ser aplicada na produção de bombas nucleares.

O Irã já domina o segundo estágio de enriquecimento de urânio e tecnicamente a distância para chegar ao enriquecimento de 90% é curta. EUA, Israel e países europeus temem que Teerã opte por esse caminho em breve. O país nega que seu programa nuclear tenha fins militares.  Por ser signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o Irã acredita ter direito a enriquecer urânio para fins civis.

Outro ponto de discórdia é o reator de plutônio de Arak. Resultado colateral do enriquecimento de urânio, o plutônio pode ser usado como uma via alternativa para a produção de uma bomba. /  AP e REUTERS

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