Líder do Sendero Luminoso é condenado a 24 anos de prisão

Terrorista foi considerado o responsável por uma série de atentados no Peru

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Por Agencia Estado
Atualização:

O antigo líder do Sendero Luminoso Oscar Ramírez Durand, conhecido como "Feliciano", foi condenado nesta terça-feira por um tribunal peruano a 24 anos de prisão pelo crime de terrorismo. O tribunal determinou que "Feliciano", comandante dos remanescentes do grupo terrorista até 1999, foi responsável por uma série de atentados cometidos no departamento sul de Ayacucho, pelos quais também foram condenados outros sete militantes do Sendero. Considerado o mais cruel e sanguinário grupo guerrilheiro do Hemisfério Ocidental, o Sendero Luminoso, maoísta, foi fundado em meados dos anos 70 na Universidade de San Marcos, em Lima, por um grupo de estudantes liderado pelo professor de sociologia Abimael Guzmán. Em 18 de maio de 1980, a guerrilha declarou guerra ao Estado peruano, abrindo uma campanha de violência que causaria a morte de pelo menos 30 mil pessoas. Feliciano foi preso em 1999 numa ação comandada pelo próprio presidente peruano na época, Alberto Fujimori. Ele era o máximo líder do grupo em liberdade e não resistiu ao cerco mantido contra ele por mais de 1,5 mil militares peruanos num povoado do Departamento (província) de Junín, centro do país. Como o principal líder do grupo, Abimael Guzmán, estava preso desde 1992, a captura de Feliciano foi considerada pelo presidente peruano como "um tiro de misericórdia" no grupo maoísta. A operação que resultou na captura do líder guerrilheiro tinha sido iniciada 40 dias antes e recebeu o codinome de Operação Cerco. Dela participaram militares da Marinha, do Exército, da Aeronáutica e da Polícia Nacional, que caçaram Feliciano e seus seguidores em meio à selva, por rios e pelo ar. Convencido a transformar a captura num evento de marketing político, Fujimori assumiu o comando da operação quando a prisão do líder era iminente. Proteção aos cocaleiros No inicio de sua atuação, os senderistas concentraram-se inicialmente no Departamento de Ayacucho, de onde partiram para controlar toda a região do vale do Rio Huallaga. Ali, além de manter sua base de operações, os rebeldes davam proteção aos camponeses que cultivavam folha de coca. Entre 1987 e 1991, o Sendero Luminoso e Movimento Revolucionário Tupac Amaro - o MRTA, uma guerrilha de orientação guevarista surgida em 1984 - atacaram municípios em mais de 70% do território peruano, obrigando as autoridades locais a renunciar e pondo em xeque o poder central. Em 1991, os senderistas avançaram sobre Lima, lançando uma onda de atentados. Eleito com a promessa de dar combate à subversão, Alberto Fujimori rompeu a ordem constitucional em 1992, fechou o Parlamento e o Judiciário para ter instrumentos que lhe permitissem erradicar, ao mesmo tempo, uma hiperinflação mensal de quatro dígitos e a ameaça terrorista. Conseguiu prender Guzmán em setembro do mesmo ano, exibindo-o numa jaula como um troféu de caça. A liderança do grupo passou então para Oscar Ramírez Durand, ou Feliciano, que recusou uma sugestão de Guzmán, da prisão, para que negociasse a paz com o governo. Sob o novo comando e mais dividido, o Sendero reduziu a intensidade de sua atuação, enquanto o governo continuava com a caçada sem trégua ao novo líder. O líder máximo do MRTA, Víctor Polay, tinha sido preso antes de Guzmán. Em 17 de dezembro de 1996, numa ousada operação para tentar libertá-lo, os 14 membros remanescentes do grupo guevarista invadiram uma festa na Embaixada do Japão em Lima, seqüestrando todos os convidados. O seqüestro durou até abril do ano seguinte, quando Fujimori ordenou o lançamento de uma ação de comandos que resgatou 71 dos 72 reféns do grupo e matou todos os seqüestradores.

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