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Líder interino de Honduras diz que aceitaria antecipar eleições

Roberto Micheletti não descartou convocação de pleito para tentar contornar crise no país.

Por Bruno Accorsi
Atualização:

O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, disse, na noite desta quinta-feira, que estaria disposto a antecipar as eleições marcadas para 29 de novembro como uma forma de tentar contornar a crise política que se instaurou no país após a deposição do presidente eleito, Manuel Zelaya. Micheletti também afirmou que esta solução poderia integrar um "acordo político" que visaria pôr fim ao impasse que atinge Honduras. O líder interino disse ainda que não se oporia a um referendo para decidir se os hondurenhos querem ou não a volta de Zelaya ao poder, mas acrescentou que isso não poderia ser feito agora, porque este é um momento "extremamente difícil" para o país. Zelaya foi expulso do poder no domingo passado, após militares terem invadido o Palácio Presidencial, obrigando-o a embarcar para a Costa Rica, ainda de pijamas. Para aquele dia, estava marcada uma consulta popular, que acabou não se realizando, sobre se os eleitores aprovariam ou não que, nas eleições de novembro, fosse feita outra consulta sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte. Os oposicionistas argumentavam que Zelaya estava procurando modificar a Constituição para concorrer a um segundo mandato presidencial, o que é proibido pela atual carta magna. Após o golpe, Micheletti, que era presidente do Congresso, assumiu interinamente a liderança do Executivo. Pressão internacional A deposição de Zelaya foi amplamente condenada pela comunidade internacional, unindo extremos como os Estados Unidos, de Barack Obama, e a Venezuela, de Hugo Chávez. O golpe de Estado também foi rechaçado por órgãos multinacionais e blocos regionais como a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), a União Europeia, o Sistema de Integração Centro-americano (Sica) e a União das Nações Sul-Americanas (Unasur). Todos estes se negaram a reconhecer a administração interina hondurenha e vêm pedindo pela restituição imediata e incondicional de Zelaya à Presidência de Honduras. O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, chega nesta sexta-feira a Tegucigalpa, a capital hondurenha, mas já adiantou que não irá "negociar nada". Segundo Insulza, o propósito de sua visita é "pedir-lhes (ao governo interino hondurenho) que mudem o que estão fazendo agora e que encontrem uma maneira de retornar à normalidade". Na última quarta-feira, a OEA ameaçou adotar sanções contra Honduras caso Zelaya não fosse restituído dentro de 72 horas. O líder deposto tinha planos de retornar ao país já na quinta-feira, mas Micheletti havia dito que Zelaya seria preso se pisasse em território hondurenho. O presidente afastado aceitou adiar seus planos, mas pretende retornar a Honduras no sábado, após o vencimento do prazo dado pela OEA. Apreensão Nas ruas de Tegucigalpa, o clima é de apreensão. Apesar da aparente impressão de tranquilidade, o governo interino teria imposto limitações aos órgãos de imprensa e o país vive um toque de recolher, entre 22h e 5h da manhã. Durante estas horas, não se vê ninguém nas ruas e, ao longo deste período, o governo se permite restringir as garantias constitucionais de liberdade pessoal, associação, circulação e tempo de detenção. Os únicos que estão isentos do toque de recolher são os serviços médicos, os órgãos de socorro e de segurança e veículos responsáveis pela distribuição de jornais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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