Líder islâmico moderado da Somália se rende no Quênia

Ahmed, que foi descrito por um diplomata americano como um moderado, poderia desempenhar papel importante na reconciliação das facções somalis

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Por Agencia Estado
Atualização:

O líder do movimento islâmico da Somália, Sharif Sheik Ahmed, se rendeu às autoridades no Quênia e estava sob a proteção de Nairóbi, pois temia por sua vida, afirmaram as autoridades nesta segunda-feira. Ahmed, que foi descrito por um diplomata americano como um moderado que poderia desempenhar um papel na reconciliação das facções somalis, foi transportado de avião para Nairóbi, de acordo com um relatório da polícia. Os Estados Unidos afirmaram que não estavam envolvidos na proteção a Ahmed, que aparentemente temia por sua vida depois da sua decisão de deixar a Somália, onde os seguidores remanescentes de seu Conselho de Cortes Islâmicas estão sendo procurados por soldados etíopes e forças do governo somali. "O governo dos EUA não mantém o xeque Sharif Sheik Ahmed em seu poder e não participou da sua captura ou rendição", afirmou um funcionário da embaixada dos EUA, lendo uma declaração. O embaixador dos EUA, Michael Ranneberger, disse que Ahmed é um líder islâmico moderado que os EUA pensam deveria participar de um processo de reconciliação nacional na Somália. Ahmed era o presidente da Conselho Executivo das Cortes Islâmicas e compartilhava a liderança com o xeque Hassan Dahir Aweys, que era presidente do conselho legislativo das Cortes Islâmicas. Aweys está numa lista dos EUA que contém nomes de pessoas com supostos laços com a al-Qaeda, embora tenha repetidamente negado que tenha laços com terroristas internacionais. Se Ahmed concordar em manter conversações com o governo da Somália, isto poderia ser um grande passo para evitar a difusão da insurgência que muitos líderes islâmicos prometeram na Somália. No mês passado, os soldados somalis, com o importante apoio da vizinha Etiópia, varreram o Conselho das Cortes Islâmicas da capital e de grande parte do sul da Somália. Mas a violência continua devido às rivalidades entre os clãs tradicionais e o ressentimento entre os somalis em relação à presença da Etiópia. A Somália, um país muçulmano, e a Etiópia, com uma grande população cristã, travaram uma guerra brutal em 1977. UE pede que Somália converse com facções A União Européia exortou nesta segunda-feira o governo da Somália a manter conversações com outras facções, incluindo os líderes islâmicos moderados, a fim de chegar a um acordo de paz duradouro. O comissário de desenvolvimento da União Européia, Louis Michel, afirmou que o fracasso em manter "conversações inclusivas" com todas as outras facções políticas afundaria os esforços para estabilizar o empobrecido país. "É a única forma de obter uma paz e estabilidade de longo prazo na Somália", afirmou Michel aos repórteres. Os ministros do Exterior da União Européia divulgaram uma declaração exortando as facções somalis a aproveitar "a janela da oportunidade" para encontrar uma solução duradoura.

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