Líder miliciano diz que só aceita governo islâmico na Somália

"A Somália é uma nação muçulmana e seu povo também é muçulmano, 100 por cento", declarou o líder da milícia islâmica que controla a maior parte da Somália

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Por Agencia Estado
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O recém-nomeado novo líder da milícia islâmica que controla a maior parte da Somália, Sheik Hassan Dahir Aweys, afirmou nesta segunda-feira que só apoiará um governo baseado no Islã. Os Estados Unidos suspeitam que tenha ligações com terroristas da Al-Qaeda. "A Somália é uma nação muçulmana e seu povo também é muçulmano, 100 por cento", avaliou Aweys, em uma entrevista por telefone à Associated Press. "Portanto, qualquer governo que aceitemos tem de ser baseado no Corão sagrado e nos ensinamentos de nosso profeta Maomé", disse ele de sua casa no centro da Somália. Awes foi apontado no sábado como líder da antiga União das Cortes Islâmicas, a milícia que controlou a capital Mogadiscio em 5 de junho. Ele substitui um clérigo mais moderado que tinha concordado em negociar com o governo interino - que tem pouco poder no país e não faz em seu programa referência ao islamismo. O novo líder disse que os somalis querem um Estado islâmico, e que vai levantar a questão quando se reunir com autoridades do governo no mês que vem. "Os somalis sempre quiseram agir de acordo com o Islã, mas as antigas potências coloniais sempre os desviaram disso. Espero agora que a única opção aberta a elas seja o apoio a um Estado islâmico", acrescentou. Temores em Washington A milícia islâmica, que mudou seu nome no fim de semana de União das Cortes Islâmicas para Conselho Supremo das Cortes Islâmicas, assumiu tanto o controle da capital quanto da maior parte do sul da Somália depois de expulsar uma aliança de senhores da guerra seculares apoiados pelos Estados Unidos. A nomeação de Aweys certamente irá aprofundar temores de Washington de que a Somália possa se tornar um abrigo para a rede terrorista de Osama bin Laden, como ocorreu com o Afeganistão na década de 1990 com o Taleban. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, o governo americano divulgou uma lista de indivíduos e organizações acusados de terem laços com o terrorismo. Aweys e o grupo somali Al-Itihaad Al-Islaami, fundado por ele, foram listados por supostos laços com Bin Laden quando o dissidente saudita vivia no Sudão no começo da década de 1990. Aweys, um clérigo de cerca de 60 anos, disse em entrevistas anteriores que Al-Itihaad não existe mais e que ele não tem ligação com a Al-Qaeda. Aweys entrou na clandestinidade após os ataques de 11 de Setembro e reapareceu apenas em agosto de 2005, quando ajudou a estabelecer a milícia islâmica.

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