Líder omite inflação e se diz livre de 'abutres'

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Por BUENOS AIRES
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A presidente Cristina Kirchner abriu seu discurso de quase 4 horas lendo um tuíte do dia 27 do jornalista Joseph Cotterill, do Financial Times. A mensagem dizia que a Argentina "finalmente tinha conseguido", pois seus bônus renegociados eram cotados "acima do par". Minutos após ser citado, o jornalista voltou ao Twitter: "Obrigado pela menção em seu discurso. Mas temo que os bônus se valorizam na medida em que resta menos tempo para você no gabinete". Cristina tentava exibir uma avaliação otimista do mercado, depois de o país entrar em moratória parcial em julho, por desobedecer uma sentença americana em favor dos chamados "fundos abutres", que rejeitaram a renegociação da dívida argentina e ameaçavam, assim, o pagamento dos que aceitaram. Em sua primeira hora de fala, além de celebrar a "vitória sobre os abutres", a presidente argentina exaltou a taxa de desemprego de 6,9% e o crescimento de 0,6% no PIB "em um ano difícil". Também celebrou o plano que estimula lojas a parcelar em 12 vezes e a superação dos 6 milhões de aposentados (1,5 milhão dos quais sem contribuições). A presidente não mencionou a inflação, de 23% ao ano segundo o governo e 40% segundo medições independentes. "É o mesmo discurso de sempre, uma Argentina paralela à realidade. O desemprego real beira os 12% e está claro que o governo prefere estar na recessão a mexer no câmbio (o dólar no paralelo se estabilizou em 13,2 pesos, enquanto o oficial está cotado a 8,7) em um ano eleitoral", disse ao Estado o economista e sociólogo Juan Llach, ex-ministro da Educação. / R.C.

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