Líder rebelde congolês é capturado em Ruanda

Investigado por crimes de guerra, entre eles o recrutamento de crianças, Laurent Nkunda foi preso em operação conjunta dos países vizinhos

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Por AP
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O general rebelde tutsi Laurent Nkunda, líder da guerrilha Congresso Nacional para a Democracia do Povo (CNDP), que atua na República Democrática do Congo e em Ruanda, foi detido na noite de quinta-feira em Ruanda após uma operação conjunta de tropas congolesas e ruandesas. Nkunda é acusado de várias atrocidades - entre elas o recrutamento de crianças - e está sendo investigado pela Corte Internacional de Justiça. Em 2002, ele supervisionou um massacre de soldados na cidade congolesa de Kisangani. Segundo a Human Rights Watch, mais de 150 homens foram reunidos, decapitados e tiveram seus corpos jogados no Rio Congo. A Justiça congolesa emitiu, em 2005, uma ordem de prisão contra Nkunda por desobediência e crimes de guerra no leste do país, região que faz fronteira com Ruanda. O líder rebelde acusa o governo do presidente Joseph Kabila de não proteger os tutsis de ataques de milícias hutus. Os hutus entraram no Congo em 1994, após serem considerados responsáveis pelo genocídio em Ruanda, no qual morreram 800 mil pessoas, a maioria tutsis. Desde então, eles se mantiveram organizados em milícias, que atacam tutsis dos dois lados da fronteira. Kabila, que vive aquartelado na capital congolesa, Kinshasa, a cerca de 2 mil quilômetros da zona de conflito, não pode fazer quase nada com os poucos recursos que tem. O máximo que conseguiu até agora foi um cessar-fogo mediado pela ONU. O acordo, contudo, foi rompido em novembro por Nkunda, que ameaçava ampliar a ofensiva e dar um golpe de Estado no país. Ex-professor primário e um devoto pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Nkunda é admirado entre os tutsis e, até bem pouco tempo, tinha apoio do governo de Ruanda, cujo governo é de maioria tutsi. Nkunda estaria em prisão domiciliar na cidade de Gisenyi, no oeste do Congo. Os ruandeses, que recentemente romperam com Nkunda, aguardariam apenas uma carta de Kinshasa para entregá-lo às autoridades congolesas. Observadores acreditam que Nkunda perdeu força em janeiro, quando seus principais comandantes, entre eles o general Bosno Ntaganda, resolveram pôr fim à guerra civil e se aliaram às forças oficiais congolesas.

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