Líder rebelde curdo afirma que grupo pode abandonar armas

Murat Karayilan oferece cessar-fogo à Turquia sob determinadas condições.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O líder do grupo rebelde curdo PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), Murat Karayilan, afirmou à BBC que a organização pode abandonar a luta armada que já dura décadas contra o governo da Turquia em troca de maior reconhecimento político e cultural para os curdos no país. Em entrevista exclusiva à BBC em um acampamento secreto na região do Curdistão iraquiano, Karayilan afirmou que pode ordenar que o grupo abandone as armas sob a supervisão das Nações Unidas caso a Turquia aceite um acordo de cessar-fogo sob determinadas condições. Considerado um grupo terrorista por Turquia, Estados Unidos e União Europeia, o PKK mantém uma guerra de guerrilha contra o governo turco há 26 anos. Entre as demandas do grupo para abandonar a luta armada estão o fim dos ataques contra civis curdos e da prisão de políticos da etnia no leste da Turquia. O grupo também reivindica maiores direitos culturais e linguísticos aos curdos, que, de acordo com algumas estimativas, totalizam um quinto da população da Turquia. "Se a questão curda for resolvida de maneira democrática, pelo diálogo, nós abandonaremos nossas armas", disse Karayilan. O líder do PKK, no entanto, fez ameaças, caso o governo turco não aceite suas demandas. "Se o governo turco se recusar a aceitar, nós teremos que proclamar nossa independência". Conflito Um eventual acordo de cessar-fogo entre as duas partes representaria um grande avanço no sentido de acabar com o conflito que teve início em 1984 e já matou cerca de 40 mil pessoas. Mas uma declaração unilateral de independência pode ser interpretada pela Turquia como uma provocação por parte de uma organização considerada terrorista. Enquanto isso, o PKK continua a lançar ataques contra alvos turcos a partir de suas bases no Iraque. Nos últimos meses, a Turquia respondeu com ataques aéreos e até incursões de forças terrestres em território iraquiano. Em relação à oferta do grupo curdo, uma autoridade turca afirmou que não é comum "comentar declarações feitas por terroristas". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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