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Líder sudanês não consegue a presidência da União Africana

Pedido de Omar Hassan al-Bashir foi negado por todos os membros da União, que elegeram o presidente de Gana, John Kufuor, para o cargo temporário

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, teve por mais uma vez o pedido para se tornar titular temporário da União Africana (UA) negado pela entidade. O cargo ficou com o presidente de Gana, John Kufuor, eleito por consenso geral pelos membros da União. Esta é a segunda vez que Bashir fica sem o cargo de presidente da UA. Em 2006, os líderes africanos tiveram que ceder à pressão internacional para não permitir que a organização fosse dirigida por um país membro em cujo território são cometidas violações dos direitos humanos. A UA começou nesta segunda-feira, 29, sua cúpula semestral com o objetivo de buscar uma solução definitiva para o conflito na região sudanesa de Darfur, que, devido à magnitude da crise humanitária e ao perigo de que se estenda aos países vizinhos, é considerado a prioridade atual do continente. "A paz no Sudão significa a paz no Chade e na República Centro-Africana", afirmou o presidente da Comissão da UA, Alpha Konaré, referindo-se aos riscos que o conflito armado no oeste sudanês representa para os países vizinhos. O conflito em Darfur já deixou 200 mil mortos, 2 milhões de deslocados e outros 3 milhões de dependentes da ajuda humanitária internacional. ONU O novo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que assistiu à abertura da cúpula e deve manter conversas particulares com Bashir, denunciou os "terríveis bombardeios" das forças governamentais sudanesas na região de Darfur. "Devemos trabalhar juntos para acabar com a violência e a política de terra arrasada adotada pelas partes, inclusive as milícias, assim como os bombardeios que estão aterrorizando a população", afirmou Ban. O secretário-geral da ONU também destacou a urgência com que devem ser definidos os detalhes sobre o envio de uma missão conjunta da União Africana e das Nações Unidas a Darfur. Em novembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a ampliação de sua missão no Sudão (Unmis) para enviar 17 mil soldados a Darfur, que deveriam assumir o comando da força de paz da UA, conhecida como Amis. No entanto, a resolução especificava que o envio de capacetes azuis só podia ocorrer com o consentimento do governo do Sudão, que se opôs firmemente à medida. Cartum argumentava que a entrega da missão de paz africana à ONU ameaçava a soberania do país e apenas pioraria a situação humanitária em Darfur. A ONU propôs então uma fórmula "híbrida" para a força de paz, que prevê a ampliação do contingente da Amis com o apoio logístico e técnico do órgão mundial, mas o regime de Bashir continua contra a medida. Konaré reconheceu que, nos últimos meses, houve alguns progressos para resolver a crise em Darfur, que se arrasta desde fevereiro de 2003, quando começou o confronto entre o governo e grupos rebeldes da região, e pediu tempo para poder aplicar as medidas estipuladas. A situação na Somália também faz parte das discussões abertas nesta segunda, que se prolongarão até terça. A cúpula deve definir as medidas para formar uma missão de paz nesse país do Chifre da África, que permita que o governo provisório somali imponha sua autoridade. Embora o envio de um contingente de paz de quase 8 mil soldados já tenha sido aprovado, poucos países se ofereceram para integrá-lo. Konaré disse que apenas Nigéria, Uganda, Malauí e Gana ofereceram suas tropas. A cúpula de Adis-Abeba conta com a presença da maioria dos líderes africanos, mas os chefes de Estado do Egito, Senegal, República Democrática do Congo e Guiné não participam. A Eritréia, vizinha da Etiópia, não mandou nenhuma delegação à capital etíope devido às rivalidades existentes entre os dois países.

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