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Liderados pela China, 15 países firmam o maior acordo comercial do mundo

O tratado que envolve nações da Ásia e da Oceania deverá expandir a influência da China na região e reverter os efeitos da pandemia do coronavírus

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Por Redação
Atualização:

HANÓI - Quinze países da Ásia e da Oceania assinam neste domingo, 15, um ambicioso acordo comercial que servirá para expandir a influência da China na região. Eles esperam que isso contribua para reverter os efeitos da pandemia do coronavírus.

A Associação Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) inclui dez economias do Sudeste Asiático junto com China, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália e será o maior acordo comercial do mundo em termos de Produto Interno Bruto, dizem analistas.

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang (ao centro), observa enquanto o Ministro do Comércio chinês Zhong Shan (à direita) assina o acordo, como visto em uma tela de TV, durante a cerimônia de assinatura do pacto comercial da Associação Econômica Regional Abrangente Foto: Foto de Nhac NGUYEN / AFP

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O acordo de redução de tarifas e abertura do comércio de serviços no bloco é visto como uma alternativa, liderada pela China, ao acordo promovido pelos Estados Unidos que foi extinto por Donald Trump.

O RCEP "consolida as amplas ambições geopolíticas regionais da China em torno da iniciativa da Rota da Seda", disse Alexander Capri, especialista em comércio da Escola de Negócios da Universidade Nacional de Cingapura, referindo-se ao projeto de infraestrutura que visa expandir a influência da China no mundo. “É uma espécie de elemento complementar”, afirma.

Após oito anos de negociações, o acordo será assinado ao final da cúpula dos países do Sudeste Asiático integrados à ASEAN, realizada por videoconferência em função da pandemia. Muitos dos países signatários sofrem grandes surtos do coronavírus e esperam que o RCEP permita-lhes mitigar os custos devastadores de uma doença que vem prejudicando suas economias.

A Indonésia recentemente caiu em sua primeira recessão em duas décadas, enquanto a economia filipina contraiu 11,5% ao ano no último trimestre. "A covid-19 lembrou à região por que o comércio é importante e os governos estão mais ansiosos do que nunca para alcançar um crescimento econômico positivo", disse Deborah Elms, diretora executiva do Asian Trade Centre, um grupo de consultoria com sede em Cingapura. "O RCEP pode ajudar."

A Índia saiu do acordo no ano passado devido a preocupações com a entrada de produtos baratos da China em seu mercado, portanto, será uma ausência notável neste domingo durante a assinatura virtual. O país poderá entrar mais tarde se quiser.

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Mesmo sem a Índia, o acordo cobre 2,1 bilhões de pessoas e os membros do RCEP respondem por 30% do PIB global. Esse acordo vai ajudar a reduzir custos e facilitar a vida das empresas que poderão exportar produtos para qualquer um dos sócios do bloco sem ter que atender aos requisitos que cada país exigiu até agora. O acordo inclui propriedade intelectual, mas a proteção ambiental e os direitos trabalhistas foram deixados de fora.

O acordo é considerado uma forma de a China ditar a regulamentação do comércio na região, após a saída dos Estados Unidos da região sob a presidência de Trump, que se retirou do pacto promovido por Washington, o Acordo de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês).

Embora as multinacionais dos EUA se beneficiem do RCEP por meio de suas afiliadas nos países membros, analistas dizem que o acordo pode ajudar o presidente eleito Joe Biden a repensar o compromisso de Washington com a região.

Isso poderia fazer os Estados Unidos repensarem os benefícios potenciais de aderir ao acordo que sucedeu ao TPP, o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), diz Rajiv Biswas, economista-chefe da consultoria IHS Markit.

"No entanto, não se espera que seja uma prioridade ... dado o número considerável de respostas negativas às negociações TPP de muitos segmentos do eleitorado dos EUA devido a preocupações sobre a transferência de empregos para os países asiáticos", acrescentou./AFP

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