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Líderes avaliam tirar poder de veto de Caracas

Temer, Macri e Cartes pensam em reduzir status da Venezuela no Mercosul para afastá-la da presidência

Por Luciana Nunes Leal - RIO 
Atualização:

Os governos do Brasil, da Argentina e do Paraguai discutem uma nova alternativa para afastar definitivamente a Venezuela da presidência do Mercosul. Está em estudo a aprovação de um “downgrade” para o país presidido por Nicolas Maduro, o que retiraria da Venezuela o poder de veto no bloco. 

Uma saída definitiva para o impasse do Mercosul foi discutida ontem em rápido encontro entre os presidentes Michel Temer, Mauricio Macri e Horacio Cartes e os chanceleres dos três países. O encontro ocorreu em uma sala reservada do Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio, onde Temer recebia 40 chefes de Estado, de governo e outras autoridades para um coquetel antes da festa de abertura da Olimpíada, no Maracanã. Houve consenso de que é preciso buscar uma solução o mais rápido possível, pois a ausência de um presidente do Mercosul ameaça paralisar as atividades do bloco.

Presidente interino,Michel Temer, ministro das Relações Exteriores, JoséSerra, governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, cumprimentam o presidente da Argentina, Mauricio Macri, no Rio Foto: Beto Barata/PR

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Paraguai, Brasil e Argentina argumentam que a Venezuela não se adequou aos parâmetros do Mercosul, condição para assumir a presidência. O prazo para a Venezuela apresentar os requisitos legais para a adesão plena ao bloco se encerra na sexta-feira, quando os três países terão uma nova reunião.

“É preciso esperar o dia 12, data para que a Venezuela apresente todos os requisitos necessários. Os chanceleres vão conversar com os embaixadores para verificar o que fazer. Há uma pequena resistência por parte do Uruguai”, afirmou Temer ao fim do encontro, que definiu como “uma conversa de três minutos”.

Uma das alternativas em discussão é que a Argentina assuma a presidência do bloco, já que seria a sucessora da Venezuela pela ordem de países. Outra opção é que um conselho de embaixadores assuma o comando do bloco.

Segundo um participante da reunião, o Uruguai, país que ainda resiste ao movimento contra a Venezuela argumentando questões legais, “não está tão completamente contra”. Segundo essa autoridade, o presidente argentino está disposto a assumir o comando do bloco.

A ideia de aprovar a redução de status da Venezuela ganhou força nos últimos dias, pois a perda do poder de veto tiraria a condição do país de liderar o bloco. Em nota divulgada ontem, o Itamaraty afirmou que, durante a reunião, os presidentes “acordaram levar adiante um exame mais aprofundado da questão, após 12 de agosto”. 

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O prazo é uma espécie de manobra diplomática para usar justamente os problemas de Caracas para internalizar e adotar as regras do Mercosul como uma justificativa para impedir que o governo venezuelano assuma a presidência do bloco. 

Levantamento mostra que Caracas conseguirá chegar próximo a 60% das normas até a data-limite. Há quem defenda que, com isso, o país deixe de integrar o Mercosul. Mas o protocolo de adesão não prevê que tipo de sanção será aplicada em caso de descumprimento.

Kerry. Em pronunciamento depois de um encontro com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou ontem que uma solução política para a Venezuela é uma questão “humanitária”. Ele defendeu a realização do referendo revogatório que encurtaria o mandato do presidente Nicolás Maduro.

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“É preciso que haja consonância entre governo e oposição, não para que um supere o outro. Esperamos ter um compromisso democrático para responder às necessidades humanitárias deste país. Gostaria de enfatizar a importância de um referendo com a observância da separação de poderes e liberdade de manifestação”, afirmou Kerry, ao lado de Serra, no Palácio do Itamaraty, centro do Rio.

No local, ocorreu uma recepção do presidente interino, Michel Temer, aos líderes estrangeiros no Brasil para a solenidade de abertura da Olimpíada. Kerry elogiou ainda “os esforços do Brasil na luta contra a corrupção” e disse que os EUA estão prontos para colaborar. / COLABORARAM JAMIL CHADE, SONIA RACY e LU AIKO OTTA

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