Líderes da oposição escapam de prisão na Tailândia

Ativista usou corda para descer do terceiro andar de hotel; ação constrange o governo.

PUBLICIDADE

Por Marina Wentzel
Atualização:

Líderes da oposição ao governo da Tailândia que coordenam uma onda de protestos escaparam de ser presos nesta sexta-feira, protagonizando uma fuga audaciosa de um hotel de Bangcoc. Policiais entraram no hotel de luxo SC Park em busca de Arisaman Pongruangrog, Phayup Panket, Suporn Atthawong e Pramual Chuklom. Os três coordenam os protestos que há cinco semanas vêm reunindo milhares de manifestantes da Frente Unida pela Democracia contra a Ditadura (UDD, na sigla em tailandês). Conhecidos como camisas vermelhas, os manifestantes exigem que o primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva renuncie ao cargo e convoque eleições. A fuga de um dos líderes, Arisma, foi flagrada pelas câmeras de TV e mostram o oposicionista descendo por uma corda de uma sacada no terceiro andar do hotel, e chegando até um veículo em que outros membros do movimento o aguardavam. A inusitada perseguição foi qualificada pela imprensa local como "cena de filme do 007". A fuga de Arisma e dos outros três líderes é particularmente constrangedora para as autoridades tailandesas porque o vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban anunciou na TV que a operação resultaria na prisão dos líderes oposicionistas. "Enquanto eu falo com vocês, forças especiais circundam o hotel SC Park, onde terroristas estão alojados... Nós vamos prender e oprimir esses terroristas. Já designamos forças especiais para isso" disse Suthep. Sites de jornais locais, como o The Nation, chegaram a anunciar brevemente que as prisões haviam sido realizadas. O porta-voz da polícia, Panitan Wattanayakorn, admitiu o fracasso da operação. No último sábado, 10 de abril, confrontos entre camisas vermelhas e a polícia resultaram em mais de 20 mortes, no confronto mais sangrento na Tailândia desde o começo da década de 1990. Os quatro líderes e outros 24 membros da UDD são procurados pela polícia, acusados de terem incitado a violência que resultou nas mortes. A confusão começou depois que a polícia tentou remover os manifestantes acampados no centro de Bangcoc. Acampamento O acampamento de dezenas de milhares de simpatizantes da UDD no centro da capital levou à interdição de algumas das maiores avenidas da cidade e fechou o principal distrito comercial. Os camisas vermelhas argumentam que o atual primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva não é um líder reconhecido, pois foi eleito pelo Parlamento, e não por voto direto. Vejjajiva disse que está disposto a ouvir os manifestantes, mas não pretende renunciar. Duas rodadas de conversas foram improdutivas, e as negociações estão suspensas. Desde o começo dos protestos, o Exército tem se mantido leal a Vejjajiva. Porém, a crescente pressão popular e rumores de divergências dentro da coalizão governista são indícios de que a liderança de Vejjajiva não é inabalável, na opinião de especialistas. A UDD se define como "uma coalizão de descontentes que busca a democracia como fundamento para a política tailandesa". Formada na maioria por moradores das regiões rurais da Tailândia, a frente apóia também o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um bilionário deposto em 2006 em um golpe de Estado. Shinawatra vive no exílio e foi condenado à revelia por corrupção. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.