BRUXELAS - Líderes da União Europeia saudaram uma proposta da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, que visa destravar as conversas sobre a saída britânica do bloco, conhecida como Brexit, mas disseram que as concessões feitas para apaziguar os temores dos cidadãos da UE que vivem em território britânico não bastam.
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Ao chegar para uma cúpula de dois dias com outros líderes da UE em Bruxelas nesta quinta-feira, 19, May procurou desviar o foco da incapacidade de levar as conversas além de uma discussão sobre um acordo de desfiliação e direcioná-lo às negociações comerciais meros 17 meses antes da data de saída do Reino Unido.
A premiê, enfraquecida desde que seu Partido Conservador perdeu a maioria parlamentar em uma eleição em junho, preferiu renovar a ênfase no acerto dos direitos dos cidadãos, uma das três questões que precisam ser resolvidas para romper o impasse nas conversas.
Mas líderes do bloco disseram que ainda há trabalho a ser feito, e a chanceler alemã, Angela Merkel, descreveu alguns sinais “encorajadores” que podem ajudar a pavimentar o caminho para um debate sobre os laços comerciais futuros na próxima cúpula da UE, em dezembro.
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May pediu aos colegas que verifiquem o progresso feito até o momento nas tratativas do Brexit e delineou “planos ambiciosos” para as semanas adiante. “Quero ver urgência para se chegar a um acordo sobre os direitos dos cidadãos”, disse May aos repórteres.
Ela evitou perguntas sobre o aumento do montante que o Reino Unido está disposto a pagar quando partir, preferindo se referir a um discurso que fez no mês passado na Itália, quando esboçou uma oferta de cerca de 20 bilhões de euros.
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Alguns correligionários da premiê britânica prefeririam que ela abandonasse as negociações se a UE não concordar em avançar com as conversas para debater o comércio. A Alemanha e seus aliados não querem ficar com uma conta enorme depois que o Reino Unido deixar o bloco em março de 2019.
Merkel disse que os líderes do bloco ouvirão o relatório de seu negociador-chefe, Michel Barnier, mas que ainda não houve avanço suficiente. “Continuaremos as conversas com vista a chegar à segunda fase em dezembro”. / REUTERS