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Líderes do G20 adotam discurso pró-crescimento no México

Apesar de defender austeridade, Alemanha tem cedido a consenso geral inclinado a garantir o crescimento econômico.

Por Pablo Uchoa
Atualização:

A volta da economia mundial ao crescimento virou o tema dominante antes da abertura oficial da reunião do G20, o grupo que reúne os principais países emergentes e avançados, que acontece no balneário de Los Cabos, no México. Com sinais mais claros de que a Grécia ficará na zona do euro e formará um governo disposto a manter seus compromissos internacionais, o tom fo de otimismo. De manhã, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, comemorou a vitória do partido pró-integração europeia, que permite que Atenas e Bruxelas trabalhem juntos para "reerguer" a economia grega. Em seguida, ele disse que o bloco vai "dar passos para estimular o crescimento através de investimentos direcionados", sem deixar de lado os ajustes fiscais necessários para reequilibrar as contas nacionais. "Os desenvolvimentos recentes demonstram que precisamos ir adiante e completar a nossa arquitetura financeira e econômica, dando passos para estimular o crescimento através de investimentos direcionados e perseguindo reformas estruturais", disse Durão Barroso. "Mas os desafios não são apenas europeus, são globais. Todos os países do G20 têm a responsabilidade de remover os obstáculos para o crescimento e criação de emprego", afirmou o executivo da União Europeia, citando "sinais preocupantes de protecionismo crescente". A linha foi quase a mesma adotada pelo presidente Barack Obama, que à mesma hora se encontrava em caráter bilateral com o anfitrião, o presidente mexicano Felipe Calderón. Qualificando de "promissor" o resultado das eleições na Grécia, Obama disse que é hora de o mundo caminhar para a estabilidade econômica e a volta da confiança nos mercados. Mas o presidente americano lembrou que "o mundo está preocupado com o crescimento menor que tem se dado ultimamente", e pediu "união" dos países do G20 a fim de "fazer o necessário para estabilizar o sistema financeiro mundial e evitar o protecionismo, bem como garantir que a economia cresça para criar postos de trabalho". Isto, sem abandonar "uma atitude responsável, no longo e médio prazo, em relação a nossas estruturas fiscais". Crescimento e austeridade As declarações de certa forma representam um meio-termo no dilema crescimento versus austeridade, que tem dominado as discussões prévias ao G20. Enquanto todos concordam que os ajustes fiscais nos países avançados são importantes, a Alemanha é particularmente enfática na primazia deste objetivo como base para o crescimento. Entretanto, os relatos são de que Berlim tem cedido ao consenso geral mais inclinado a garantir o crescimento. Falando ao lado de Durão Barroso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, lembrou que a zona do euro vai registrar neste ano uma "leve recessão". Os Estados Unidos, país de voz mais forte nesse tipo de discussão, também tem visto suas projeções de crescimento serem paulatinamente reduzidas. Em meio a uma campanha de reeleição, o governo Obama tem gerado apenas cerca de 100 mil empregos por mês, menos que o necessário para reduzir a taxa de desemprego que continua acima de 8%. A desaceleração também pode ser sentida em países emergentes. O crescimento indiano, por décadas em 9%, caiu para cerca de 6%. No Brasil, as projeções iniciais de 4% a 4,5% de alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano já foram reduzidas para 2%, 2,5% ou até menos. Em Los Cabos, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendem que os países com superávits orçamentários - mais particularmente a Alemanha - adotem uma política de investimentos para criar demanda nos países com problemas. Barganha dos emergentes Mostrando que está fazendo a sua parte, o Brasil deve coordenar com outros países dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) uma contribuição para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) dobre seu poder de fogo contra a crise. Em abril, os países se comprometeram a contribuir para que o FMI aumente em pelo menos US$ 430 bilhões o seu capital, mas preferiram não falar abertamente em números. Nesta segunda-feira, Dilma e Mantega se reuniram com os outros emergentes para tratar do assunto. Os emergentes querem que os países aprovem a revisão de cotas adotada em 2010 no órgão multilateral. Segundo o ministro Mantega, em abril cerca de um quinto dos países ainda não tinha votado em seus parlamentos a reforma necessária. Nesta segunda-feira, Durão Barroso disse que o bloco europeu - maior acionista do FMI - está "comprometido" com a reforma de cotas do órgão, e aprovará a mudança nos seus legislativos até o prazo estabelecido: outubro deste ano. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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