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Líderes iranianos acusam Ocidente de tentar intimidar Teerã

Conselho de Segurança da ONU e Alemanha estudarão novas sanções na próxima segunda; Ahmadinejad cobrou união e resistência por parte da população iraniana

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani disseram nesta sexta-feira, 23, que os críticos do programa nuclear de seu país estão tentando intimidar Teerã. Ahmadinejad também pediu à população que não demonstre fraqueza e resista às pressões internacionais. Na quinta-feira, 22, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou um relatório revelando que o Irã não suspendeu o enriquecimento de urânio, conforme havia exigido o Conselho de Segurança da ONU. Na segunda-feira, 26, Alemanha, China, EUA, França, Reino Unido e Rússia devem se reunir em Londres para discutir novas sanções ao governo iraniano. Os comentários de Ahmadinejad e Rafsanjani mostram que o governo iraniano está unido para fazer frente às possíveis novas sanções que os países pretendem discutir. Em dezembro, quando sanções limitadas foram impostas a Teerã, houveram divergências dentro do governo iraniano com relação à forma como Ahmadinejad tem conduzido o assunto. União e resistência Em seu discurso nesta sexta-feira, 23, Ahmadinejad cobrou união e resistência do povo iraniano. "Nosso povo resistirá em defesa de seu direito", afirmou o presidente. "Se demonstrarmos fraqueza diante do inimigo, as expectativas vão aumentar, mas se nos unirmos contra eles, por causa dessa resistência, eles vão se retirar." O presidente iraniano voltou a afirmar que o programa nuclear de seu país tem fins pacíficos e não será empregado, portanto, na fabricação de bombas atômicas. "Os inimigos se tornaram tão descarados que querem que nós sigamos completamente essas regras que eles mesmos não seguiram", disse Ahmadinejad. Adotando esse mesmo tom, Rafsanjani também criticou os países que têm pressionado o Irã. "Exercer pressões sobre o Irã por seu programa nuclear só ocasionará graves problemas para os arrogantes, para a região e para todo o mundo", disse o ex-presidente iraniano. Assim como Ahmadinejad, ele reiterou que o Irã não abandonará seu programa nuclear e também reafirmou seus fins pacíficos. "O Irã só quer produzir energia para fins pacíficos", repetiu o ex-presidente. "O termo ´armas de destruição em massa´ não existe em nosso dicionário." Sanções rigorosas EUA, Reino Unido e França já deixaram claro que buscarão sanções mais rigorosas contra o Irã. Os três países, somados à China e à Rússia, compõem o Conselho de Segurança da ONU, que deve se reunir com a Alemanha, na segunda-feira. No entanto, as discussões multilaterais tendem a ser difíceis, pois a Rússia e a China preferem tentar possíveis negociações antes de recorrerem às sanções. Nesta sexta-feira, o ministro chinês das Relações Exteriores, Li Zhaoxing, disse ao seu colega iraniano, Manouchehr Mottaki, que procura uma solução diplomática e "pacífica" para a questão. Em Viena, na Áustria, o representante iraniano da AIEA, Ali Asghar Soltanieh, reforçou o coro contra o relatório da ONU. Ele afirmou nesta sexta-feira que o Irã não teme um ataque internacional como represália por não ter abandonado o enriquecimento de urânio. "O Irã não é o Iraque", disse Soltanieh, que defendeu também a continuidade do diálogo acerca da questão nuclear. Este texto foi alterado às 14h34 para acréscimo de informações

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