Líderes não consideram palavras de Bento XVI suficientes

Religiosos estão preocupadas com as "perigosas conseqüências" derivadas das palavras do papa contra o mundo islâmico

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Por Agencia Estado
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Representantes religiosos de diferentes países do Oriente Médio não ficaram satisfeitos com o pronunciamento feito pelo papa Bento XVI neste domingo. Em sua primeira aparição pública desde a polêmica causada por declarações em relação ao mundo islâmico, o pontífice, disse estar "profundamente desgostoso" pelos acontecimentos, garantiu que as críticas feitas ao Profeta Maomé por um imperador bizantino do século 14 citadas por ele na universidade de Regensburg, na Alemanha, não refletem sua opinião pessoal sobre o assunto. O governo do Sudão, como de vários outros países muçulmanos, pediu neste domingo que o embaixador do Vaticano dê explicações sobre o discurso de Bento XVI, considerado ofensivo ao islamismo. Os dirigentes religiosos, além de expressarem que as palavras "feriram o sentimento dos muçulmanos", exigem que o papa se retrate e peça desculpas pelo discurso. Neste domingo, representantes egípcios da Irmandade Muçulmana, da Frente de Ação Islâmica da Jordânia e da comissão conjunta da Ação Islâmica e Cristã da Síria, expressaram este pedido. A eles se uniram o Conselho de Ministros do Kuwait e a maioria muçulmana da Arábia Saudita, que concordam que as palavras proferidas na terça-feira pelo papa contém uma deformação sobre o islamismo e não promovem a tolerância e a misericórdia. No Egito, a Comissão de Assuntos Religiosos fará uma reunião de urgência na segunda-feira, 18, para tratar das "perigosas conseqüências" derivadas da palavra de Bento XVI. No sábado, o governo do Egito fez um alerta ao Vaticano para que o papa atue de "forma rápida e pessoalmente para evitar qualquer situação". O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, lamentou as declarações do papa no sábado, quando participou XIV Cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados, em Havana. Yudhoyono pediu que a comunidade muçulmana de seu país não atue de "forma inapropriada" depois das declarações de Bento XVI. Por outro lado, o primeiro ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ismail Haniye, condenou neste domingo os ataques a sete igrejas de Jerusalém. Enquanto isso, Said Siyam, ministro do Interior da ANP, ordenou que as forças de segurança palestinas protejam os templos cristãos, em sua maioria da Igreja Ortodoxa, que não acatam às decisões do Vaticano.

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