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Líderes religiosos prometem derrubar presidente do Paquistão

Protesto vem em retaliação ao ataque do Exército à madraça de Chingai

Por Agencia Estado
Atualização:

Líderes religiosos da Área Tribal do noroeste do Paquistão prometeram nesta terça-feira derrubar o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, e lançar ataques suicidas contra alvos do governo em retaliação ao ataque do Exército à madraça de Chingai, ocorridos na segunda-feira última. "Vingaremos o sangue de nossos mártires com a continuação de nossa jihad (guerra santa)", discursou o líder religioso da aldeia atacada, Roohul Amin. O líder pró-Taleban Inayatur Rahman informou que um esquadrão de homens-bomba estava sendo recrutado para ataques contra o governo paquistanês. Cerca de 20 mil pessoas, vindas de vários pontos da Área Tribal, se concentraram nas imediações dos escombros da escola aos gritos de "morte à América" e "morte a Musharraf". Outras manifestações menores - nas quais se repetiram as cenas de bandeiras americanas e retratos de Musharraf sendo queimados - se realizaram em cidades como Karachi, Peshawar, Multan, Quetta e Lahore. Políticos de oposição a Musharraf aproveitaram os protestos para dar início a uma campanha para depor o presidente, um general que tomou o poder após um sangrento golpe de Estado em 1999 e manteve a presidência depois da vitória de sua coalizão nas eleições de 2002. O maior e mais radical partido islâmico do Paquistão, o Jamiat-i-Islamiya, convocou para nesta terça uma greve geral em todo o país. Teme-se que a generalização dos protestos contra Musharraf reedite as violentas manifestações contra a publicação das charges do profeta Maomé, no primeiro semestre deste ano, que deixou dezenas de mortos no Paquistão. Pressão Musharraf está entre a pressão dos grupos radicais de seu país - que o acusam de submeter sua política aos interesses dos EUA - e do Ocidente, que exige dele ações enérgicas para combater os militantes do Taleban e da Al-Qaeda, que circulam livremente pela porosa fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Em setembro, as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - que combatem o Taleban e a Al-Qaeda no Afeganistão - deram um ultimato a Musharraf: ou agia para conter os grupos que agem na Área Tribal ou deixava o caminho livre para que os militares ocidentais o fizessem. O jornal britânico The Times analisa que a decisão de atacar a madraça pode ser um indicador de que as opções de Musharraf para controlar as tribos da fronteira com o Afeganistão estão se esgotando. Antes do ataque, o governo vinha encontrando dificuldades insuperáveis para firmar acordos com os líderes tribais e fazê-los assumir o compromisso de não dar apoio aos combatentes do Afeganistão. O diário também qualificou de coincidência o fato de o príncipe Charles estar no Paquistão no momento do ataque. Após a ação na Área Tribal, a Casa Real Britânica cancelou uma visita do príncipe a Peshawar. Por outro lado, a revista The Economist lembrou outra ofensiva de larga escala do Exército do Paquistão durante uma visita importante. Em março, quando o presidente americano, George W. Bush, visitava Islamabad, uma operação do Exército no Waziristão do Norte, também na Área Tribal, matou 45 supostos militantes.

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